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Seção 3.3 Subgrupos

Subseção 3.3.1 Definições e Exemplos

Por vezes teremos de estudar grupos menores dentro de um grupo maior. O conjunto de números inteiros pares \(2{\mathbb Z} = \{\ldots, -2, 0, 2, 4, \ldots \}\) é um grupo sob a operação de adição. Este grupo está naturalmente contido no grupo de inteiros sob adição. Definimos um subgrupo \(H\) de um grupo \(G\) como um subconjunto \(H\) de \(G\) tal que com a operação de \(G\) restrita a \(H\text{,}\) \(H\) é um grupo. Nota-se que qualquer grupo \(G\) com pelo menos dois elementos tem sempre pelo menos dois subgrupos, o subgrupo que consiste apenas no elemento de identidade e o grupo completo. O subgrupo \(H = { e \}\) de um grupo \(G\) chama-se subgrupo trivial. Um sub-grupo que é um subconjunto próprio de \(G\) chama-se subgrupo próprio. Em muitos dos exemplos que consideramos até agora, existem subgrupos para além dos subgrupos triviais e impróprios.

Considere o conjunto dos números reais não nulos, \({\mathbb R}^*\text{,}\) com a operação de multiplicação para formar um grupo. A identidade desse grupo é 1 e o inverso de qualquer elemento \(a \in {\mathbb R}^*\) é simplesmente \(1/a\text{.}\) Mostraremos que

\begin{equation*} {\mathbb Q}^* = \{ p/q : p \, {\rm y }\, q\, {\rm são\, inteiros\, não\, nulos} \} \end{equation*}

é um subgrupo de \({\mathbb R}^*\text{.}\) A identidad de \({\mathbb R}^*\) é 1; no entanto, \(1 = 1/1\) é o quociente de dois inteiros não nulos. Portanto, a identidade de \({\mathbb R}^*\) está em \({\mathbb Q}^*\text{.}\) Dados dois elementos em \({\mathbb Q}^*\text{,}\) digamos \(p/q\) e \(r/s\text{,}\) seu produto \(pr/qs\) também está em \({\mathbb Q}^*\text{.}\) O inverso de qualquer elemento \(p/q \in {\mathbb Q}^*\) está novamente em \({\mathbb Q}^*\) pois \((p/q)^{-1} = q/p\text{.}\) Como a multiplicação em \({\mathbb R}^*\) é associativa, multiplicação em \({\mathbb Q}^*\) é associativa.

Lembre-se que \({\mathbb C}^{\ast}\) é o grupo multiplicativo dos números complexo não nulos. Seja \(H = \{ 1, -1, i, -i \}\text{.}\) Então \(H\) é um subgrupo de \({\mathbb C}^{\ast}\text{.}\) É fácil verificar que \(H\) é um grupo com a operação de multiplicação e que \(H \subset {\mathbb C}^{\ast}\text{.}\)

Seja \(SL_2( {\mathbb R})\) o subconjunto de \(GL_2( {\mathbb R })\) que contém as matrizes de determinante um; isto é, uma matriz

\begin{equation*} A = \begin{pmatrix} a & b \\ c & d \end{pmatrix} \end{equation*}

está em \(SL_2( {\mathbb R})\) precisamente quando \(ad - bc = 1\text{.}\) Para mostrar que \(SL_2( {\mathbb R})\) é um subgrupo do grupo linear general, devemos demonstrar que também é um grupo com a operação de multiplicação de matrizes. A matriz identidade de \(2 \times 2\) está em \(SL_2( {\mathbb R})\text{,}\) assim como a inversa da matriz \(A\text{:}\)

\begin{equation*} A^{-1} = \begin{pmatrix} d & -b \\ -c & a \end{pmatrix}. \end{equation*}

Falta mostrar que a multiplicação é fechada; isto é, que o produto de duas matrizes de determinante um também tem determinante um. Deixaremos esta tarefa como exercício. O grupo \(SL_2({\mathbb R})\) se chama grupo linear especial.

É importante notar que um subconjunto \(H\) de um grupo \(G\) pode ser um grupo sem ser um subgrupo de \(G\text{.}\) Para que \(H\) seja um subgrupo de \(G\) deve herdar a operação binária de \(G\text{.}\) O conjunto de todas as matrizes de \(2 \times 2\text{,}\) \({\mathbb M}_2(\mathbb R)\text{,}\) forma um grupo com a operação de adição. O grupo linear general \(GL_2( {\mathbb R})\) é um subconjunto de \({\mathbb M}_2(\mathbb R)\) e é um grupo com a operação de multiplicação de matrizes, mas não é um subgrupo de \({\mathbb M}_2(\mathbb R)\text{.}\) Se somamos duas matrizes invertíveis não necessariamente obteremos outra matriz invertível. Observe que

\begin{equation*} \begin{pmatrix} 1 & 0 \\ 0 & 1 \end{pmatrix} + \begin{pmatrix} -1 & 0 \\ 0 & -1 \end{pmatrix} = \begin{pmatrix} 0 & 0 \\ 0 & 0 \end{pmatrix}, \end{equation*}

mas a matriz zero não está em \(GL_2( {\mathbb R })\text{.}\)

Uma maneira de saber se dois grupos são o mesmo grupo, é examinando seus subgrupos. Para além do subgrupo trivial e do próprio grupo, o grupo \({\mathbb Z}_4\) tem exatamente um subgrupo adicional que consiste dos elementos 0 e 2. A partir do grupo \({\mathbb Z}_2\text{,}\) podemos formar outro grupo de quatro elementos como segue. Como conjunto, este grupo é \({\mathbb Z}_2 \times {\mathbb Z}_2\text{.}\) Realizamos as operações coordenada a coordenada; isto é, \((a,b) + (c,d) = (a+c, b+d)\text{.}\) O Quadro 3.3.6 é uma tabela de somas para \({\mathbb Z}_2 \times {\mathbb Z}_2\text{.}\) Como há três subgrupos próprios não triviais de \({\mathbb Z}_2 \times {\mathbb Z}_2\text{,}\) \(H_1 = \{ (0,0), (0,1) \}\text{,}\) \(H_2 = \{ (0,0), (1,0) \}\text{,}\) y \(H_3 = \{ (0,0), (1,1) \}\text{,}\) \({\mathbb Z}_4\) y \({\mathbb Z}_2 \times {\mathbb Z}_2\) devem ser grupos diferentes.

Tabela 3.3.6.

Subseção 3.3.2 Alguns Teoremas para Subgrupos

Examinemos alguns critérios para determinar exatamente quando um subconjunto de um grupo é um subgrupo.

Primero suponhamos que \(H\) é um subgrupo de \(G\text{.}\) Devemos mostrar que se cumprem as três condições. Como \(H\) é um grupo, deve haver uma identidade \(e_H\text{.}\) Devemos demonstrar que \(e_H = e\text{,}\) onde \(e\) é a identidade de \(G\text{.}\) Sabemos que \(e_H e_H = e_H\) e que \(ee_H = e_H e = e_H\text{;}\) portanto, \(ee_H = e_H e_H\text{.}\) Por cancelamento à direita, \(e =e_H\text{.}\) A segunda condição se cumpre pois um subgrupo de \(H\) é um grupo. Para demonstrar a terceira condição, seja \(h \in H\text{.}\) Como \(H\) é um grupo, há um elemento \(h' \in H\) tal que \(hh' = h'h = e\text{.}\) Pela unicidade do inverso em \(G\text{,}\) \(h' = h^{-1}\text{.}\)

Recíprocamente, se se cumprem as três condições, devemos demonstrar que \(H\) é um grupo com a mesma operação que \(G\text{;}\) mas, estas três condições mais a associatividade da operação binária são exatamente as condições da definição de grupo.

Suponhamos primero que \(H\) é um subgrupo de \(G\text{.}\) Queremos mostrar que \(gh^{-1} \in H\) cada vez que \(g\) e \(h\) estão em \(H\text{.}\) Como \(h\) está em \(H\text{,}\) seu inverso \(h^{-1}\) também deve estar em \(H\text{.}\) Pela operação de grupo, \(gh^{-1} \in H\text{.}\)

Recíprocamente, suponhamos que \(H \subset G\) tal que \(H \neq \emptyset\) e \(g h^{-1} \in H\) cada vez que \(g, h \in H\text{.}\) Se \(g \in H\text{,}\) então \(gg^{-1} = e\) está em \(H\text{.}\) Se \(g \in H\text{,}\) então \(eg^{-1} = g^{-1}\) também está em \(H\text{.}\) Sejam agora \(h_1, h_2 \in H\text{.}\) Devemos demonstrar que seu produto está também em \(H\text{.}\) Mas, \(h_1(h_2^{-1})^{-1} = h_1 h_2 \in H\text{.}\) Logo, \(H\) é um subgrupo de \(G\text{.}\)

Sage.

La primera mitad de este libro es sobre teoría de grupos. Sage incluye Grupos, Algoritmos y Programación en (GAP), un programa diseñado principalmente para la teoría de grupos, y que ha estado en constante desarrollo desde 1986. Muchos de los cálculos con grupos hechos en Sage en realidad son realizados por GAP.