Seção 6.2 Teorema de Lagrange
Proposição 6.2.1.
Seja \(H\) um subgrupo de \(G\) com \(g \in G\) e definamos uma função \(\phi:H \rightarrow gH\) sendo \(\phi(h) = gh\text{.}\) A função \(\phi\) é bijetiva; logo o número de elementos em \(H\) é o mesmo que o número de elementos em \(gH\text{.}\)
Demonstração.
Primeiro demonstraremos que \(\phi\) é 1-1. Suponha que \(\phi(h_1) = \phi(h_2)\) para certos elementos \(h_1, h_2 \in H\text{.}\) Devemos mostrar que \(h_1 = h_2\text{,}\) mas \(\phi(h_1) = gh_1\) e \(\phi(h_2) = gh_2\text{.}\) Assim \(gh_1 = gh_2\text{,}\) e por cancelamento a esquerda \(h_1= h_2\text{.}\) Mostrar que \(\phi\) é sobrejetiva é fácil. Por definição, todo elemento de \(gH\) é da forma \(gh\) para certo \(h \in H\) e \(\phi(h) = gh\text{.}\)
Teorema 6.2.2. Lagrange.
Seja \(G\) um grupo finito e seja \(H\) um subgrupo de \(G\text{.}\) Então \(|G|/|H| = [G : H]\) é o número de classes laterais esquerdas diferentes de \(H\) em \(G\text{.}\) Em particular, o número de elementos em \(H\) deve dividir o número de elementos em \(G\text{.}\)
Demonstração.
O grupo \(G\) está particionado em \([G : H]\) classes laterais esquerdas diferentes. Cada classe lateral esquerda tem \(|H|\) elementos; portanto, \(|G| = [G : H] |H|\text{.}\)
Corolário 6.2.3.
Suponha que \(G\) é um grupo finito e que \(g \in G\text{.}\) Então a ordem de \(g\) divide o número de elementos em \(G\text{.}\)
Corolário 6.2.4.
Seja \(|G| = p\) com \(p\) primo. Então \(G\) é cíclico e qualquer \(g \in G\) tal que \(g \neq e\) é um gerador.
Demonstração.
Seja \(g\) um elemento de \(G\) tal que \(g \neq e\text{.}\) Pelo Corolário 6.2.3, a ordem de \(g\) divide a ordem do grupo. Como \(|\langle g \rangle| \gt 1\text{,}\) deve ser \(p\text{.}\) Logo, \(g\) gera \(G\text{.}\)
O Corolário 6.2.4 sugere que os grupos de ordem prima \(p\) se parecem de alguma maneira com \({\mathbb Z}_p\text{.}\)
Corolário 6.2.5.
Sejam \(H\) e \(K\) subgrupos de um grupo finito \(G\) tais que \(G \supset H \supset K\text{.}\) Então
Demonstração.
Notemos que
Nota 6.2.6. O recíproco do Teorema de Lagrange é falso.
O grupo \(A_4\) tem ordem 12; no entanto, podemos demonstrar que não existe nenhum subgrupo de ordem 6. De acordo com o Teorema de Lagrange, os subgrupos de um grupo de ordem 12 podem ter ordem 1, 2, 3, 4, ou 6. Mas não existe garantia que existam subgrupos de todas as ordens possíveis. Para demonstrar que \(A_4\) não tem um subgrupo de ordem 6, suponha que ele tenha tal subgrupo \(H\text{,}\) buscaremos uma contradição. Como \(A_4\) contém oito 3-ciclos, sabemos que \(H\) deve conter um 3-ciclo. Veremos que se \(H\) contém um 3-ciclo, então deve conter mais de 6 elementos.
Proposição 6.2.7.
O grupo \(A_4\) não tem subgrupo de ordem 6.
Demonstração.
Como \([A_4 : H] = 2\text{,}\) existe somente duas classes laterais de \(H\) em \(A_4\text{.}\) No entanto uma das classes laterais é o próprio \(H\text{,}\) classes laterais direitas e esquerdas devem coincidir; portanto, \(gH = Hg\) ou \(g H g^{-1} = H\) para todo \(g \in A_4\text{.}\) Como existem oito 3-ciclos em \(A_4\text{,}\) ao menos um dos 3-ciclos deve estar em \(H\text{.}\) Sem perda de generalidade, suponha que \((123)\) está em \(H\text{.}\) Então \((123)^{-1} = (132)\) também deve estar em \(H\text{.}\) Como \(g h g^{-1} \in H\) para todo \(g \in A_4\) e todo \(h \in H\) e
concluímos que \(H\) deve ter ao menos os sete elementos
Portanto, \(A_4\) não tem subgrupo de ordem 6.
Na verdade, podemos dizer mais sobre quando dois ciclos tem o mesmo comprimento.
Teorema 6.2.8.
Dois ciclos \(\tau\) e \(\mu\) em \(S_n\) tem o mesmo comprimento se e somente se existe \(\sigma \in S_n\) tal que \(\mu = \sigma \tau \sigma^{-1}\text{.}\)
Demonstração.
Suponha que
Defina \(\sigma\) como a permutação
Então \(\mu = \sigma \tau \sigma^{-1}\text{.}\)
Reciprocamente, suponha que \(\tau = (a_1, a_2, \ldots, a_k )\) é um \(k\)-ciclo e \(\sigma \in S_n\text{.}\) Se \(\sigma( a_i ) = b\) e \(\sigma( a_{(i \bmod k) + 1 )} = b'\text{,}\) então \(\mu( b) = b'\text{.}\) Logo,
Como \(\sigma\) é uma bijeção, \(\mu\) é um ciclo de mesmo comprimento que \(\tau\text{.}\)