Vamos agora explicitar uma solução para a equação
.
A técnica a seguir foi desenvolvida por
Adler e van Moerbeke [AM], e é uma área de pesquisa
intensa.
Apesar da analogia formal entre as equações nos dois casos, existe
uma diferença substancial: C não é
,
porque
as posições nos cantos têm sinais trocados.
Isso leva a procurar um outro grupo G para o qual
uma fatoração conveniente esteja relacionada a esta nova equação.
Considere o grupo de laços,
,
consistindo de funções suaves
do círculo unitário para as matrizes inversíveis complexas,
com multiplicação definida ponto a ponto.
A série de Fourier de uma função assim é da forma
Para começar, não é claro, mas é verdade, que
.
O resultado que faz o papel da ortogonalização de Gram-Schmidt
nesse caso pode ser encontrado em [PS]
(e continua sendo Gram-Schmidt no contexto adequado).
O resultado é mais estrito: os dois termos da fatoração dependem
suavemente do laço inicial, e herdam a mesma suavidade -- em
particular, suas séries de Fourier decaem com a mesma intensidade.
A demonstração de unicidade com as exigências de normalização
feitas acima é um pouco diferente da habitual: vamos a ela.
Suponha que o laço L(z) admita duas fatorações desse tipo,
() |
Formalmente, a decomposição do grupo induz uma decomposição aditiva
na álgebra de Lie associada
,
que consiste de séries
Bom, esse é o grupo de interesse -- resta ver porque.
Para começar, interprete a equação original,
,
como um caso
especial da família de equações
Note que para cada a forma de par de Lax das equações tem por conseqüência a preservação do espectro de L(t,z), quando t varia. Isso faz pensar que obtivemos uma quantidade enorme de leis de conservação para a equação de interesse, mas essas leis são altamente dependentes: o leitor está convidado a estudar o espectro da matriz tridiagonal periódica hermitiana L(0,z)para valores diferentes de .
Mais interessante é o fato que as leis de conservação, independentes ou não, ganharam uma interpretação geométrica: as raízes de não dependem do tempo -- a superfície de Riemann associada a expressa as leis de conservação. Isso não vem ao caso no momento: vamos em vez descrever a solução do látice de Toda periódico por meio da fatoração no grupo de laços.
Teorema: A solução da equação é dada por
Demonstração:
Imitando as contas do caso aberto, é só verificar que as
fatorações foram bem escolhidas. Derivando as duas evoluções,
e daí, sempre para
,
Como U(t,z) é unitária, o laço
A partir daqui, muitos caminhos bifurcam. Mais do que no caso aberto, é difícil ver que a construção preserva a forma tridiagonal periódica de L(t,z). E mais uma vez, existe uma interpretação das equações como sistemas integráveis em órbitas coadjuntas (associadas a um grupo de laços). Apesar do espaço ambiente ser de dimensão infinita, as órbitas de interesse são de dimensão finita. A dualidade necessária para identificar o dual da álgebra entretanto requer um certo cuidado técnico [DLT2]. Assim, novamente a invariância temporal da forma do laço admite uma interpretação geométrica, como no caso de dimensão finita, devida essencialmente à forma especial da órbita coadjunta em que se encontra a condição inicial L0(z). E como no caso de dimensão finita, existe uma família de equações, parametrizada por polinômios, que são resolvidas pela mesma fatoração, e cujos fluxos induzidos comutam entre si.
Uma alternativa para a solução do látice de Toda periódico, historicamente anterior, e igualmente interessante, é devida a Kac e Van Moerbeke [KM]. O laço L(t,z) induz um divisor D(t) na superfície de Riemann mantida fixa pela evolução. A imagem desse divisor pelo mapa de Jacobi descreve uma linha reta na imagem: nesse processo, as variáveis que linearizam a família de fluxos integráveis aparecem naturalmente.