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Re: RES: [obm-l] Os limites e a falta de limite e de bom senso...



Caros,

Vou meter o bedelho onde N�O fui chamado e pela primeira vez com alguma tristeza.   Tenho 60 anos e fui professor de uma quantidade inacredit�vel de profissionais que hoje habitam esta lista e com absoluta certeza, a maioria com neur�nios matem�ticos muito mais competentes que os meus (mesmo na �poca de meus 20, 30 40 e 50 anos de idade).    Fui professor de g�nios - n�o fizeram nenhuma for�a para isto - � uma d�diva.   E eu sempre assinalava isto. 

Nunca me inclui neste clube simplesmente porque n�o era e n�o o sou.  N�o sou hip�crita de achar que minha habilidade com a Matem�tica � trivial.  N�o, n�o �.  Sou bom nisto.  Mas n�o sou �timo e j� fui melhor.   Mas continuo sendo muito, mas muito feliz.

Mas meu maior prazer na vida sempre foi a sala de aula e certamente, quando jovem (comecei muito cedo nisto), eu dava aula para mim  mesmo e com toda certeza com um qu� de arrog�ncia.  Do tipo "isto � �bvio",  "como voc� n�o aprendeu isto ainda?", etc.    Nesta �poca eu ainda n�o sabia que n�o sabia... 

L� pelos 30 anos descobri que muito mais prazer do que mostrar o que eu sabia era fazer com que os alunos se motivassem a saber o que eu sabia (e se poss�vel muito mais).   Meu maior prazer N�O era mais a sala de aula em si (a servi�o de um narcisismo idiota), mas poder propiciar aos alunos minha experi�ncia de aprendizado, meu prazer com a beleza da Matem�tica e, mandat�riamente, aumentar a auto-confian�a e auto-estima dos que ainda n�o possuiam habilidade adequada a seu nivel escolar com a Matem�tica (lugar comum na realidade brasileira).

O pov�o que habita esta lista (e ai me incluo), � "chegado" numa competi��o e num bom desafio.  E a forma como cada um gerencia o grau de envolvimento nestes processos (ou lutas?) tamb�m depende da consci�ncia do que representa esta competi��o e este desafio para a psiqu� de cada um de n�s.   Infelizmente muitas vezes se pisa na bola.  � uma pena.   E em geral � porque h� outros tipos de neur�nios n�o matem�ticos que tamb�m precisam ser desafiados para a gente compreender um pouco mais o "outro" e a n�s mesmos.   Ou seja, aprender a ver os outros como tal e n�o como simples espelhos de n�s mesmos

Um soci�logo extremamente criativo (Zygmunt Bauman), em um de seus textos aborda a forma como uma sociedade v� um "estranho", um "suposto invasor", que possui quest�es que p�em em "risco" a estabilidade da tal sociedade.  S�o "perigosas" para o "status quo", para o "atual equil�brio".  Bauman usa a met�fora de "engulir" o estranho para depois "regurgit�-lo", "expelindo-o" e faz uma analogia com a forma como a sociedade "esconde seu lixo" (os mendigos, os sem-terra, os sem-nada, etc).   

N�o pude evitar a lembran�a deste belo e instigante texto, quando acompanhei alguns emails sobre "o que eu deveria saber sobre limite mas n�o sei" ou "o que voc� est� fazendo nesta lista", "mude de curso", etc, e outros tantos prejulgamentos muitas vezes equivocados e preconceituosos.

Sugiro a todos os que vibram com o ensino da matem�tica (e n�o apenas ela por ela mesma - que tamb�m tem sua beleza) quem fa�am um estagiozinho dando aulas em alguma escola particular (conceituada ou n�o) e passar� a entender a realidade brasileira e a frustra��o do colega que buscou ajuda nesta lista e n�s quase que s� comprovamos a met�fora do Bauman.  Mais uma vez uma pena.

Mesmo sem ter procura��o de ningu�m nesta lista, pe�o desculpas a voc�, Washington.   Admiro a busca por solu��es para suas dificuldades e a forma madura e elegante como respondeu a descortesia (inconsciente ou n�o) que encontrou na lista.

� muito f�cil ser professor do Nicolau (o coordenador desta lista), a quem admiro h� muitos anos.  Mas tamb�m desafiador e instigante � ser seu professor.   Aceito este desafio como uma parceria.    Mas espero que voc� n�o queira aprender a integral de Lebesgue.  Fiquemos apenas com o C�lculo, que definitivamente n�o tem nada de simples nem de complicado. 

Ora bolas, simples � o que a gente j� sabe, j� dizia um fil�sofo de botequim que n�o lembro o nome...  ou em outra vers�o: problema �bvio e o que j� sei como se resolve....   Frases absolutamente idiotas, mas pelo menos divertidas.

Atenciosamente,
Carlos Nehab

At 16:09 14/9/2006, you wrote:
Bom, nesta lista sempre se consegue ajuda, a menos que seja um assunto que ningu�m aqui conheca ou um problema que ningu�m aqui consiga resolver. Mas quando a quest�o � muito geral, como uma pergunta sobre o que eh limite ou o que eh derivada, aih a solucao eh mesmo consultar um bom livro e, depois de adquirir algum conhecimentom sobre o assunto, aih sim mandar d�vidas mais espec�ficas para esta lista, se vc nao conseguir uma ajuda com um professor ou um colega.
 
Eh um fato que poucas pessoas gostam de matematica e tem interesse em estuda-la mais a fundo. Eu fiz engenharia, uma cadeira tradicionalmente conhecida como exata, portanto baseada, ao menos em parte, em matematica, e encontrei muito poucos colegas interessados em compreende-la mais a fundo. Se vc perguntar aa maioria dos estudantes de engenharia ou aos que ja se formaram a definicao de limite, aposto que muito poucos saber�o dizer. Dentre todos os meus colegas de curso de engenharia, eu sou o unico que me interessei em estudar assuntos que a grande maioria considera teoricos, sem objetivo pratico e, ateh mesmo, conforme dizem alguns, uma verdadeira frescura. Acredito que muitos dos colegas aqui da lista tenham tido experiencias similares. Eu, por exemplo, gosto de Analise e sempre que posso estudo assuntos nao cobertos em cursos de engenharia, como integral de Lebesgue. Mas muita gente que ve aquelas "cobrinhas" que aparecem em integrais diz que nao servem para nada e eh perda de tempo e dinheiro estudar tais assuntos. Pra mim teve uma utilidade concreta, estudar estes conceitos e entende-los, na medida do possivel e da minha capacidade, me fez mais feliz. E isso vale para todos os ramos da matematica. E estou certo que vale em qualquer ramo do conhecimento.
 
Mas para evoluir em matematica eh mesmo fundamental gostar, estar disposto a raciocinar, a investir fosfato. Quem s� estuda para passar na faculdade dificilmente evoluirah muito. Mas, para a maioria, estudos mais profundos nao sao mesmo necessarios.
Artur

 
-----Mensagem original-----
De: owner-obm-l@mat.puc-rio.br [ mailto:owner-obm-l@mat.puc-rio.br]Em nome de Washington
Enviada em: quinta-feira, 14 de setembro de 2006 12:31
Para: obm-l@mat.puc-rio.br
Assunto: RE: [obm-l] Como se resolve limite?

N�o,n�o foi grosso,s� foi objetivo e vou responder da mesma forma. ;-)

A universidade eu prefiro n�o dizer em raz�o da discrimina��o que acontece em todo lugar. Uma lista de discuss�o n�o seria diferente. O que posso dizer � que � universidade conceituada e paga. Professores excelentes,com mestrado,doutorado,entre outras especializa��es,mas os alunos,como em muitos lugares,n�o aprendem a fundo. Posso colocar como culpado o ensino tradicional que n�o incentiva o aprendiz a pensar. Simplesmente joga f�rmulas na cara da pessoa e quem quiser que se vire.

Eu n�o tranco a mat�ria porque sou persistente e tenho esperan�a de ser aprovado. N�o mudo de curso porque vou muito bem em algoritmos(programa��o),adoro criar programas. Meu problema mesmo s�o nas cadeiras que envolvem matem�tica muito te�rica.

Se c�lculo I � mat�ria simples,eu n�o consigo entender como tantos alunos n�o sabem me responder nada do que pergunto. Converso com alunos de universidades estaduais,federais,particulares,de cursos de ci�ncia da computa��o,engenharia,engenharia de produ��o,etc e n�o sabem(ou talvez tenham certa alergia � matem�tica,visto que poucas pessoas gostam de raciocinar). N�o s�o tantos,mas n�o posso ficar procurando gente nesses lugares s� com esse interesse.

Pergunte sobre o que passou numa novela,que rapidamente vc tem uma resposta. Agora,pergunte sobre matem�tica que a maioria faz ihhhhh. Se entende,n�o quer compartilhar o que sabe.

Meu professor disse que os alunos estudassem muito porque � a cadeira que mais reprova.

"Vc chama uma simples fatora��o do tipo a^3+b^3=(a+b)(a^2-2ab+b^2) de teorema?"

N�o sei diferenciar teorema de uma f�rmula.
Como livros n�o ajudam,procuro o dicion�rio. Teorema,segundo ele,� uma proposi��o que pra ser admitida,precisa de uma demonstra��o.


"Luiz H. Barbosa" <ricklista@bol.com.br> escreveu:
Se eu fosse vc mudaria de curso ou trancaria a mat�ria. Pq se o seu prof ja entrou em derivadas, e visto que vc tem outras mat�rias para estudar, n�o tem como aprender em pouco tempo.
Qual faculdade vc estuda?
Esses teoremas a que vc se refere me parece que � fatora��o.� isso mesmo?Vc chama uma simples fatora��o do tipo a^3+b^3=(a+b)(a^2-2ab+b^2) de teorema?
Calculo 1 � uma mat�ria simples!!E se vc estuda em faculdade federal � melhor se acostumar com o tipo de professor!!
Abra�o e me desculpe se fui grosso,
Luiz H. B. Rocha



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