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Re: [obm-l] Um tema recorrente.




Caro Fernando,

Achei bem interessante a sua argumentacao.
Eu soh coloco uma ressalva: qual seria definicao de aletoriedade?
Pelo que voce coloca, nao-aleatoriedade implica programa finito.
Neste caso, a partir deste criterio, a sua divisao nao-aleatorios
(contaveis) e aleatorios (incontaveis), me parece correta.

Mas a aleatoriedade pode ser vista de outras formas.
Pi, por exemplo, eh bastante aleatorio para alguns, mas pode ser
gerado por um programa bem curto. Entao, no criterio do
comprimento de programa, nao seria aleatorio.

Assim, com um outro criterio de aleatoriedade, este metodo
para se realizar a classificacao de aleatoriedade (ou nao)
nao se aplicaria.

Uma vez, vi na parede do Depto de Matematica da PUC-Rio
um artigo entitulado "Randonmicity" (ou algo parecido)
publicado por um prof da PUC (claro). Era bastante ilustrativo
e procurava mostrar diferentes formas de se tentar
caracterizar e ateh mesmo medir "aleatoriedade". Certamente,
existem fortes relacoes entre estas diferentes formas, ateh
porque todas tem o mesmo objetivo,
mas nem sempre eh uma relacao direta.

Abraco,
sergio


On Wed, 16 Jan 2008, Fernando A Candeias wrote:

Oi Paulo e demais colegas.

Complementando a mensagem anterior, imaginei  um argumento mais
intuitivo para suportar a afirmação dos autores citados, que  poderia ser  o
seguinte.
Suponhamos uma seqüência binária infinita zeros e uns.  A partir dela,
podemos gerar um conjunto de outras seqüências jogando sucessivamente uma
moeda honesta de modo a manter o digito ou trocá-lo, conforme o resultado
for cara ou coroa. Resultará o processo em um número infinito de cadeias de
comprimento infinito, geradas por processo puramente randomico. Na verdade
um número transfinito, pois as seqüências assim geradas terão a
cardinalidade do contínuo, pela relação 2^N_o. Por outro lado tais
sequencias representarão a totalidade dos reais.
Agora, algumas dessas cadeias apresentarão regularidades estatisticas e,
portanto poderiam ser descritas por um algoritmo de comprimento finito. Tais
seqüências correspondem aos números computáveis e serão alocadas a um  conjunto
de mesmo nome. Como foram geradas por algoritmos finitos, o conjunto delas
será enumerável.

As demais não apresentam nenhuma regularidade e, portanto, não poderão ser
descritas por nenhum programa finito. Serão, portanto não computáveis, e
como forma geradas por processo aleatório serão também números aleatórios, o
que confirmaria a identificação. Além do mais possuem a cardinalidade dos
reais, pois resultam de um conjunto com esta cardinalidade do qual foi
segregado um conjunto enumerável.
Assim o conjunto *R *ficaria dividido em dois subconjuntos disjuntos, os
reais computáveis, enumerável; e os reais não computáveis, ou aleatórios,
com a cardinalidade do contínuo.

Sds

Fernando A Candeias





Em 16/01/08, Paulo Santa Rita <paulo.santarita@xxxxxxxxx> escreveu:

Ola Fernando e demais
colegas desta lista ... OBM-L,
( escreverei sem acentos )

A ideía, a priori, e muito boa : e relativamente comum na historia da
Matematica que a conjuncao harmoniosa de conceitos oriundos de areas
aparentementes distantes estabelece uma ponte "muito frutifera" para
grandes trabalhos posteriores...

Eu nao li e nao conheco este trabalho ao qual voce se refere. Havendo
tempo, vou dar uma lida e manifestar a minha opiniao.

Ocorre que muitas questoes dificeis na Matematica assim sao
simplesmente porque nos insistimos em fazer as perguntas erradas, ou
seja, a conceituacao com que a tradicao moldou moldou a questao induz
alguns caminhos obvios que sao em verdade labirintos que conduzem a
nada, ate que alguem olhe para os objetos da forma correta, quando
entao a luz da alvorada esclarece tudo e tudo se unifica.

Aqui me parece que se situa o verdadeiro talento matematico, vale
dizer, ele esta nao na inteligencia do raciocinio em bases bem
estabelecidas mas sim na capacidade de perceber os conceitos atuais
como visoes ou aproximacoes de aspectos mais gerais que podem ser
ligados ou unificados a outros aspectos gerais de outros ramos,
formando uma visao unica. A estas coisas so a intuicao tem acesso.

Os objetos fisicos que tem uma aleatoriedade intrinseca, tal como um
eletron, nao permitem uma computacao plena de todas as suas
propriedades. Nos podemos determinar com rigor satisfatorio uma delas,
mas a outra ficara proporcionalmente indeterminada, vale dizer, com um
grau alto de aleatoriedade. Talvez pudessemos pensar assim ... os
numeros computaveis seriam o analogo matematico da propriedade que
decidimos calcular com alta precisao, sendo os nao-computaveis  o
analogo matematico da propriedade que vai ficando sucessivamente
indeterminada.

Na fisica existe uma relacao simples que liga estas coisas, isto e, o
produto da incertezas deve ser maior que um valor conhecido : haveria
uma relacao matematica analoga a incerteza fisica ?

Um Abracao a Todos
Paulo Santa Rita
4,1132,100108


Em 16/01/08, Fernando A Candeias<facandeias@xxxxxxxxx> escreveu:



Caros colegas de lista.



"Seriam os números aleatórios os principais responsáveis pela não
enumerabilidade do conjunto dos números reais?"



Em agosto do ano passado coloquei essa pergunta na lista, formulada de
modo
um pouco diferente, mas em essência, a mesma. O assunto despertou a
atenção
de alguns colegas, e as sugestões de leitura que recebi do Santa Rita e
do
Nicolau, quanto aos números não computáveis, números de Cantor, normais
e
outros temas se revelaram de grande utilidade.

Quando formulei a questão tinha a impressão de que a resposta seria
positiva, mas no decorrer da troca de mensagens mudei de opinião.

Entretanto outros argumentos a que tive acesso no decorrer de minha
busca
parecem indicar que as seqüências aleatórias infinitas são, não só os
principais atores, mas na verdade os únicos responsáveis pela
cardinalidade
do conjunto dos reais.

Submeto ao crivo dos colegas um estudo denominado "Teorias da
Aleatoriedade"
de Carlos A.P. Campani e Paulo Baluth Menezes, da UFRGS que pode ser
localizado na rede em:

http://www.inf.ufrgs.br/~revista/docs/rita11/rita_v11_n2_p75a98.pdf.
O trabalho, que foi financiado pelo CNPq, FINEP e CAPES; se estende por
95
páginas e está no formato PDF.

Logo no início os autores afirmam:



"Veremos que este trabalho apresenta uma (surpreendente para muitos)
identificação entre aleatoriedade e computabilidade, ambas apresentadas
a
partir de definições matemáticas.

Ou seja, veremos que uma string aleatória é aquela que não pode ser
computada por uma máquina de Türing. E esta é a grande motivação do
texto,
ao resgatar na área de ciência da computação um problema clássico, que
motivou em parte o desenvolvimento da teoria da computabilidade, e que
muitas vezes passa despercebido aos pesquisadores e estudantes da área.

Além disto, embora originalmente proposta para resolver o problema de
definir "aleatoriedade", a teoria apresentada nos anos sessenta, de
forma
independente, por Kolmogorov, Solomonoff e Chaitin [26], acabou sendo
aplicada em uma vasta gama de outras aplicações e áreas tais como:
inteligência artificial, complexidade computacional, biotecnologia, etc.
(Pag 2)"



O conjunto R, afinal , poderia ser particionado em dois subconjuntos: o
dos
números computáveis e o dos números não computáveis, esses últimos agora
identificados como aleatórios.



Que acham?



Sds



Fernando A Candeias.


--
Fernando A Candeias

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Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~obmlistas/obm-l.html
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Fernando A Candeias