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Re: [obm-l] COMO PERDER AMIGOS E ENGANAR PESSOAS!



On Sat, Nov 08, 2003 at 01:06:38PM -0200, Eduardo Henrique Leitner wrote:
> minha resposta seria essa:
> 
> se uma pessoa tira o cheque de 160, ela nao vai trocar, obviamente
> se uma pessoa tira o cheque de 80, ela tb nao vai trocar porque:
> se o outro pegou o de 160, ele nao vai trocar,
> e se o outro quiser trocar eh porque pegou o de 40... 
> se uma pessoa tira o cheque de quarenta, ela nao vai trocar porque:
> se o outro cara tirou o de oitenta ele nao vai querer trocar,
> se ele quiser, eh porque pegou o de 20...
>  se uma pessoa tira o cheque de vinte, ela tb nao vai trocar, porque:
> se a outra pessoa tirou o cheque de quarenta,
> ela nao vai querer trocar e se quiser eh porque pegou o de 10...
> se uma pessoa tira o cheque de dez, ela tb nao vai trocar, porque:
> se a outra pessoa tirou o cheque de 20,
> ela nao vai querer trocar, se quiser, eh porque tirou o de 5...
> se uma pessoa tira o cheque de 5, ela vai querer trocar certeza,
> mas nao vai porque o cara que tirou o cheque de 10 nao vai querer trocar...
> 
> concluihmos que jamais serah feita a troca pois qndo um diz sim o outro diz
> nao e vice-versa
> 
> estah certa minha resolução?

Eu pensei em algo parecido mas acho que não dá para dizer se está certo
ou errado sem uma explicação melhor do que a dada no enunciado sobre
como a negociação é feita. Será, por exemplo, que cada um deposita
em uma urna um envelope dizendo "quero trocar" ou "não quero trocar"
uma única vez, sendo os envelopes abertos apenas depois de ambos terem
sido depositados, e sendo a troca efetuada exatamente se ambos concordarem
em trocar? Ou será que eles falam um com o outro, escancarando as
possibilidades para blefes sutis e talvez tornando impossível uma resposta
matemática?

Também não há uma explicação clara para mim, nem mesmo implicitamente,
de como as pessoas se comportam. Não é claro, por exemplo, se cada um
confia nos poderes de raciocínio do outro e na confiança que o outro tem
(e assim por diante), como você implicitamente supõe na sua solução.

As unidades não foram dadas mas eu suspeito que na prática elas fariam
diferença. Se os valores forem em reais, uma pessoa que ganhou um cheque
de 10 pode querer trocar por pura curiosidade, já que o dinheiro envolvido
é pequeno de qualquer maneira. Se os valores forem grandes, em milhares
de reais, por exemplo, a psicologia deve mudar bastante e fica a pergunta
se o valor esperado é uma ferramenta relevante.

Falando neste tipo de coisa, considere um experimento simples.
Um voluntário é informado que ele e um outro voluntário igual a ele,
mas para sempre desconhecido, irão dividir um prêmio em dinheiro.
A divisão será feita da seguinte forma: haverá um sorteio
e o que for sorteado irá dividir o prêmio em duas partes não necessariamente
iguais, uma para ele próprio e a outra para o seu parceiro.
A divisão uma vez anunciada não pode ser modificada.
O segundo voluntário então só tem duas coisas a fazer:
ele pode aceitar a divisão ou recusá-la. Se ele aceitar cada um ganha
o prêmio que o primeiro determinou. Se ele recusar os dois voltam para
casa sem nada.

Alguns modelos matemáticos poderiam prever que o segundo *sempre* aceita,
mesmo se o primeiro dividir o prêmio na proporção 99x1.
Mas isto não é o que acontece na prática quando a experiência
é feita com seres humanos. Se a divisão for muito desigual o segundo
voluntário recusa indignado, mesmo sabendo que isto significa que ele
não vai ganhar nada. Saiu um artigo sobre esta experiência em uma
Scientific American mais ou menos recente.

[]s, N.
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Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
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