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Re: Provas fáceis do IME...............



Muito interessante e importante o testemunho do Marcelo
Rufino de Oliveira (prazer em conhece-lo).

1) Eh fato comprovado, que uma prova que nao seja exageradamente
dificil, nem exageradamente facil, seleciona muito melhor do que um dos
desses dois extremos. Como muito bem disse o Marcelo, o objetivo de um
vestibular eh diferente do de uma Olimpiada.

2) So acho um pouco problematico este trecho:

>   Não acho que aumentar o nível dos vestibulares vai aumentar o nível das
>aulas no 1o e 2o graus. O que vai acontecer é elitizar cada vez mais a
>seleção dos alunos. Vivemos no Brasil, que é terceiro mundo, possui muitas
>dificuldades na área da educação, com professores muito mau remunerados,
>pouco especializados e principalmente desestimulados. Provas mais difíceis
>iriam acabar piorando

Ele pode levar alguns a pensar que nao devemos tomar certas providencias,
que
deveriam ser tomadas em outros paises, porque nao somos suficientemente
desenvolvidos para isto. Eu nao concordaria com este tipo de visao.

Jose Paulo

-----Mensagem original-----
De: Marcelo Rufino de Oliveira <rufino@h8.ita.cta.br>
Para: obm-l@mat.puc-rio.br <obm-l@mat.puc-rio.br>
Data: Domingo, 21 de Novembro de 1999 12:36
Assunto: Re: Provas fáceis do IME...............


>   Antes de começar a falar do assunto em pauta, queria me identificar para
>ficar mais claro a minha posição. Sou aluno do quinto ano de Engenharia
>Mecânica-Aeronáutica do ITA (estou me formando) e conheço várias pessoas
que
>passaram no vestibular do IME. Eu acho as provas de matemática do IME antes
>de 1996 muito interessantes no que se refere ao desafio de resolver 10
>questões difíceis em apenas 4 horas. Entretanto como instrumento de
>vestibular ela não é adequada pois nivela por baixo a maioria dos
>vestibulandos. Conheço muita gente que passou no IME acertando apenas 3 ou
4
>questões de matemática (de 10) e indo bem nas outras provas. Alunos bons
>acabavam acertando a mesma quantidade de questões de alunos médios, pois
>somente as mais fáceis eram acertadas por estes. Pelo que me passaram,
>somente uns 20 alunos por ano conseguiam fazer pontuações boas na prova de
>matemática.
>  Fiquei trancado um ano aqui no ITA e neste tempo dei aula em um cursinho
>preparatório para o ITA/IME e vi como é o esquema de trabalho. É um
massacre
>de questões resolvidas, sem se importar com a teoria, pois ela não é
>cobrada, isto para física, matemática e química. Posso adiantar também que
>mais ou menos 50% das questões das provas do ITA e do IME são trabalhadas
>antes no cursinho, pois o esquema de provas não muda muito. Isto acaba
>elitizando a seleção dos alunos, pois estes cursinhos são caros. Na minha
>turma do ITA passaram 35 alunos de um cursinho do Rio de Janeiro, e ano
>passado 21 alunos vieram de um cursinho de São José dos Campos. Os próprios
>programas não eram adequados, o IME até 95 cobrava limite, derivada e
>integral, e as questões não eram elementares. Até 93 o ITA cobrava desenho
>geométrico na prova de matemática (últimas 5 questões). Se eles mudaram é
>porque analisaram que não havia necessidade de cobrar assuntos que
>normalmente não são ensinados no 2o grau, do mesmo modo que a prova do IME
>está mais fácil porque assim fica melhor para selecionar os alunos no
>vestibular. Eu conheço pelo menos 10 pessoas que estão hoje no ITA e que
>passaram ano passado no IME e acertaram entre 6 e 8 questões na prova de
>matemática, que já algo mais razoável que 3 ou 4.
>   Não acho que aumentar o nível dos vestibulares vai aumentar o nível das
>aulas no 1o e 2o graus. O que vai acontecer é elitizar cada vez mais a
>seleção dos alunos. Vivemos no Brasil, que é terceiro mundo, possui muitas
>dificuldades na área da educação, com professores muito mau remunerados,
>pouco especializados e principalmente desestimulados. Provas mais difíceis
>iriam acabar piorando. Um esquema interessante que eu vi recentemente foi a
>prova do ENEM, que não exige decoreba e sim raciocínio. Vai bem na prova
>quem tem capacidade e não quem fez cursinho. A própria prova de física do
>ITA agora está cobrando questões que envolvem raciocínio, aproximadamente
>30% das questões são assim.
>   Quero deixar claro que adoro olimpíadas de matemática e questões de
>matemática desafiadoras, só que isto tem sentido em competições de
>matemática e não em exame vestibulares, principalmente na realidade
>brasileira. Acredito que hoje o IME e o ITA encontraram um ponto de
>equilíbrio nas suas provas, contando agora com questões fáceis, médias e
>difíceis.
>   Espero que mais pessoas se manifestem neste sentido, pois é um assunto
>bem importante. Até mais.
>
>Marcelo Rufino   ITA 99
>
>
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>