Kasteleyn resolveu o problema de contar coberturas por dominós de um retângulo calculando o determinante de uma matriz. Veremos como usar o determinante de uma matriz K com coeficientes da forma , , para q-contar as coberturas por dominós de uma região: como esta matriz é uma generalização da contruida por Kasteleyn vamos chamá-la de matriz de Kasteleyn.
Lembramos que a matriz de adjacência A de um grafo é uma matriz simétrica
com uma linha (e uma coluna) correspondente a cada vértice do grafo.
O coeficiente aij é igual a 1
se os vértices i e j forem adjacentes
e 0 caso contrário.
Se o grafo for bipartido, teremos
Cada cobertura por arestas do grafo corresponderá a um monômio não nulo na expansão de ; o determinante será portanto o número de coberturas ``pares'' menos o número de coberturas ``ímpares''. Em outras palavras, o número de coberturas por arestas do grafo é o permanente de B; infelizmente o permanente tem muito menos propriedades algébricas interessantes do que o determinante.
No caso de coberturas por dominós,
podemos construir a partir de B uma matriz K tal que
Estes coeficientes podem ser construidos da seguinte forma: tome as arestas de uma cobertura e atribua a elas coeficientes tais que o monômio correspondente traga a contribuição correta ao determinante de Kq. A seguir, tome uma sub-árvore maximal do grafo contendo todas as arestas já consideradas na fase anterior e atribua a todas as novas arestas desta árvore coeficientes arbitrários (por exemplo, sempre 1). Procure agora um quadrado (i.e., uma posição de flip) tal que três das arestas já tenham coeficientes e atribua à aresta restante um coeficiente tal que o produto dos coeficientes sobre as duas arestas correspondentes ao flip positivo seja -q vezes o produto dos coeficientes sobre as outras duas arestas. Repita o processo até que todas as arestam tenham recebido coeficientes.
A construção garante que se uma cobertura traz a contribuição correta a então toda cobertura vizinha por um flip também traz a contribuição correta. Observe que a paridade da permutação é invertida a cada flip mas o sinal do produto dos coeficientes das arestas está sendo devidamente compensado. Se a região for simplesmente conexa então todas as coberturas são ligadas por flips, o que demonstra nossa afirmação.
O caso de coberturas por lozangos é análogo, com a diferença que flips não mais invertem a paridade da permutação. Assim, para atribuir coeficientes às arestas que não pertencem à árvore maximal devemos procurar hexágonos tais que cinco das seis arestas já receberam coeficientes e fazer com que o produto dos coeficientes das três arestas correspondentes ao flip positivo seja q vezes o produto dos coeficientes sobre as outras três arestas.