Este apêndice resume
brevemente os fatos necessários
da categoria diferenciável, e assume do
leitor alguma lembrança de Análise.
Especificamente, esta categoria é definida
para agregar todo conhecimento local
da Análise. Assim não haverá necessidade
de se lembrar de nenhuma fórmula de
Cálculo, mas sim dos teoremas locais
de existência:
o teorema da função inversa e o teorema
da função implícita.
B.1. Variedades.
A Análise que será utilizada aqui é real e
euclidiana, baseada nos espaços .
Apesar disso, seguindo os passos dos mestres
em [M-S],
adotamos a idéia de introduzir
um espaço ambiente
do tipo
onde A
é um conjunto qualquer, objeto de Conj.
Este espaço ambiente nada mais é do que
Cada elemento
é uma coordenada em
,
definindo
uma função de projeção
Os objetos da categoria diferenciável
Diff
serão subconjuntos M em
Além de espaço topológico,
uma estrutura adicional que Y tiver
permite considerar a função
como morfismo em outras categorias.
O exemplo relevante é
o de um subconjunto de um espaço
euclidiano no qual é possível
tomar derivadas: se
então uma função
é suave se para cada
as compostas
forem
infinitamente diferenciáveis.
As derivadas parciais
são definidas
como as funções
Estas simples considerações
permitem a postulação da categoria
Diff: um subconjunto
é uma variedade diferenciável
de dimensão n se para cada
existir
uma função suave
,
definida em um aberto
,
tal que
h seja um homeomorfismo de U em
e que para
com h(u)=x
a matrix
tenha posto n. Neste caso é dito
que V=h(U) é uma vizinhança
coordenada e (U,V,h) uma
parametrização local.
Casos simples mas importantes de
variedades são os próprios
abertos U em ,
para
qualquer ponto dos quais é possível
tomar a mesma
parametrização
.
Em particular o
espaço euclidiano
é
uma variedade diferenciável
de dimensão n.
B.2. Mudança de parametrização.
Segue do teorema da função
implícita que se duas
parametrizações locais
(U,V,h) e
(U',V',h') se encontram,
isto é, são tais que
então
B.3. Funções suaves.
Parametrizações locais são
usadas na definição dos morfismos
na categoria Diff de variedades
diferenciáveis.
Estes morfismos, ditos funções
suaves, são definidos a partir do
conceito de funções suaves
definidas em um aberto
como em B.1:
sejam dadas duas variedades
e
;
uma função
é suave em um ponto
se para uma
parametrização local (U,V,h)
em M tal que
tenhamos
suave. O resultado enunciado em
B.2
implica que esta a definição
de suavidade em um ponto
independe da escolha da
parametrização local (U,V,h)
com
.
Uma função
é suave
se for suave em cada ponto
.
Variedades diferenciáveis e
funções suaves entre elas
definem a categoria Diff.
Isomorfismos em Diff são
chamados difeomorfismos.
Para um aberto
tomado com a estrutura natural de
variedade como em B.1 o conceito
de função suave como morfismo
em
coincide
com a noção introduzida em B.1.
Pela própria postulação dos objetos como conjuntos com uma estrutura adicional (que permite tomar derivadas), há funtores de esquecimento de Diff para Conj e para Top, mas estes funtores são pouco interessantes: a estrutura adicional de variedade é excessivamente ligada aos processos da Análise para que estes funtores tenham algum adjunto. No entanto, Diff possui produtos construídos sobre o produto cartesiano.
B.4. Sobre a definição de
variedades.
A definição de variedade pode
ser apresentada de muitas maneiras
diferentes. O tratamento adotado
aqui é calcado em [M-S] e
sofre o defeito de exigir que a
variedade
esteja definida em um
espaço ambiente
,
que depende do conjunto A
que aparentemente pouco se manifesta
na estrutura diferencial. Esta
dependência, de fato, é
algo irrelevante:
se
é monomorfismo
em Conj então
Há, no entanto, um conjunto A
máximo ``canônico'': dada uma variedade
,
para cada
temos a função
que é suave, isto é, um morfismo
em
,
e a identificação
injeta A como subconjunto de
.
Tomemos então
Agora a variedade
é apresentada de forma
intrínseca, e este processo
pode ser usado para uma redefinição:
dado um conjunto M em Conj
e
um
subconjunto de funções
reais em M que
separa pontos, isto é,
tal que a aplicação canônica
definida
como acima seja uma injeção
(esta condição esmiuçada
significa: dados
existe
com
), A é chamado uma
estrutura diferencial em M
se
for uma variedade diferenciável
e se
,
isto é,
se A for o conjunto de morfismos
em Diff (isto é,
de funções suaves)
desta variedade para a reta R.
B.5. O espaço tangente.
Seja
uma variedade de dimensão n
e
.
Um
caminho passando por m
é uma função
suave
Se (U,V,h) for uma parametrização
local com
,
digamos
m=h(x) para
,
então
é vetor tangente em m se e só
se existir uma combinação linear
O fibrado tangente de M
é o subconjunto
dado por
A associação
é (a função nos objetos
de) um funtor
Por exemplo, para toda variedade
M a associação
define uma função suave
.
A derivada
é calculada associando
ao vetor velocidade do caminho
o vetor velocidade
,
isto é,
A associação
identifica o espaço de campos vetoriais
com a álgebra de derivações
de
,
e assim
Vect(M) ganha uma estrutura de álgebra
de Lie.