Uma álgebra de Lie V é abeliana
se [V,V]=0. Todo espaço vetorial pode
ser dotado de uma estrutura de álgebra de Lie
abeliana definindo a operação
desta maneira trivial. Mais
interessante, para toda espaço vetorial V
sobre k o conjunto das transformações
lineares
tem naturalmente
a estrutura de álgebra de Lie com a definição
Esta associação define um funtor
Este funtor gl tem um adjunto à esquerda,
geralmente denotado por
por lembrar
``universal'', diretamente ligado ao Teorema
de Poincaré-Birkhoff-Witt. Para uma
álgebra de Lie A define-se uma álgebra
associativa
denominada a álgebra
envolvente ou a álgebra envolvente
universal
de A, da seguinte maneira. Sobre o espaço
vetorial subjacente de A (que será denotado
confusamente pela mesma letra A), é tomada
a álgebra tensorial
O Teorema de Poincaré-Birkhoff-Witt garante mais do que esta adjunção: mostra como construir uma base de a partir de uma base de A (de dimensão não necessariamente finita).
Sendo adjunto à esquerda o funtor
naturalmente preserva colimites
(ver (A.4)).
Assim vale, para álgebras de Lie A e B,
que são isomorfas em
as
álgebras
A categoria
admite um processo
de dualização: a cada álgebra de Lie
A pode ser considerada a álgebra oposta
Aop definida sobre o mesmo espaço
subjacente com a operação
Exemplos e Exercícios
1. O caso de Sl2.
Algebricamente Sl2 é um funtor representável
,
representado
pela álgebra de Hopf comutativa mas não
co-comutativa
Geometricamente, pelo menos para
o grupo
é um grupo de Lie,
e como tal tem associado sua álgebra de Lie
,
calculada no exemplo 2. de I.2.
Tomando a álgebra envolvente
A álgebra envolvente
é gerada pelos elementos
2. Mecânica algébrica na categoria
. Uma álgebra A, objeto de
,
é um espaço vetorial dotado
de morfismos
Uma álgebra A que é uma co-álgebra é algo interessante quando a multiplicação e a unidade u forem morfismos de co-álgebras, e isto acontece exatamente a co-multiplicação e a co-unidade forem morfismos de álgebras. Neste caso a álgebra é dita uma bi-álgebra.
O morfismo que troca componentes em um produto tensorial será denotado por . Se A é bi-álgebra então Aop á a bi-álgebra que tem como multiplicação , e as outras operações como A, Acop é a bi-álgebra que tem como co-multiplicação , e as outras operações como A, e é a bi-álgebra que tem como multiplicação , como co-multiplicação , e as outras operações como A. O dual de uma bi-álgebra tem uma estrutura de bi-álgebra.
Álgebras de Hopf são
bi-álgebras que admitem
um antípoda S.
O dual de uma álgebra de Hopf de dimensão
finita
com antípoda S é uma álgebra de Hopf
com antípoda S*, a adjunta linear de S.
Em uma álgebra de Hopf H, o antípoda é
um morfismo de bi-álgebras
Estes jogos de contas de vidro prosseguem indefinidamente: para uma álgebra de Hopf H a bi-álgebra é álgebra de Hopf com multiplicação e co-multiplicação , o antípoda S sendo morfismo de álgebra de Hopf.
A hipótese de dimensão finita, duas vezes formulada na discussão acima, é necessária. Uma co-álgebra C com co-multiplicação traz naturalmente para seu dual linear uma estrutura de álgebra através da adjunta de , depois da restrição de a . Analogamente, se é co-unidade então é uma identidade para A*. No entanto, se A é álgebra com multiplicação , nem sempre dota A* de uma estrutura de co-álgebra: o problema é que a imagem de uma co-multiplicação deve ser tal que o somatório seja uma operação finita; isto acontece se A tiver dimensão finita.
3. Grupos de Chevalley. O material aqui reunido
adiciona algo mais ao assunto da classificação
de grupos simples finitos.
O contexto será a categoria
de álgebras de Lie, e o ponto de vista será
cada vez mais algébrico, começando com o
caso .
Em I.2 foi visto que
é um homomorfismo em
da álgebra de Lie
associada
a um grupo de Lie G. Em geral, para uma álgebra
de Lie
,
objeto de
,
cada elemento
define uma aplicação
por
.
Esta aplicação é linear mas não
é morfismo em
:
ao invés, a
identidade de Jacobi mostra que
Sobre um corpo k de característica zero uma
derivação
nilpotente, isto é,
tal que
para algum
n, gera um automorfismo
Por exemplo, nas álgebras de Lie
de matrizes
de traço nulo
uma subálgebra de Cartan
é dada pelo conjunto
das matrizes
diagonais
de traço nulo.
Esta subálgebra tem dimensão
,
e em geral a dimensão
de uma subálgebra de Cartan
é
dito o posto de
:
este
conceito é bem definido, uma vez que a
dimensão de uma subálgebra de Cartan
é um invariante de
,
e de fato
todas as subálgebras de Cartan são conjugadas.
Se
é simples então
,
e
admite uma
decomposição em subespaços
unidimensionais invariantes
pela ação de
para
:
Dada uma base de Chevalley
de
,
a ação de ad(Ei) é nilpotente,
e pelo visto acima
exp(ad(Ei) é
um automorfismo de
.
Definimos, para
,
o automorfismo de
No exemplo de sln(k) estes automorfismos são exponenciais de matrizes de traço nulo, e estão no grupo de Lie Sln(k) associado. Em geral recuperamos em um esqueleto do grupo de Lie.
Com efeito, se dada uma álgebra de
Lie simples
considerarmos
uma base de Chevalley
de
as relações satisfeitas
pelos elementos
(que
decorrem das constantes
estruturais de
em termos
da base
,
isto é, da
expressão dos resultados [Hi,Ej],
[Ej,El] em termos da base
)
se expressam também em inteiros (e,
claro, em
). Por exemplo,
vale,
Isto permite a consideração, em primeiro lugar, de uma ``álgebra de Lie inteira'' , como sendo o grupo abeliano livre gerado por sobre o qual é definida uma operação [X,Y] com as mesmas constantes estruturais que admitia sobre . Se K for agora um corpo qualquer, toma-se o morfismo único sobre e assim se define uma álgebra de Lie com as constantes estruturais vindas das de através de . Nesta álgebra é possível definir automorfismos ``vindos'' de da seguinte forma: a matriz que representa tem entradas da forma , onde é inteiro. Se então aplicamos nas entradas desta matriz a transformação , e isto define um automorfismo xi(a). O subgrupo de gerado por tais elementos xi(a) é denotado por . Os elementos serão exponenciais, estarão ainda em ``grupos de Lie'', que agora poderão ser tomados sobre qualquer corpo, inclusive sobre corpos finitos.
Não deve ser surpreendente que tomando K um corpo finito recuperamos os grupos clássicos finitos listados em 1. de (I.1). Mais surpreendente são as ``exceções'' que o teorema de classificação de álgebras de Lie simples indica: cinco álgebras, denotadas por G2, F4, E6, E7 e E8, que são álgebras de Lie simples não sendo álgebras de Lie de grupos clássicos (o subscrito se refere ao posto da álgebra, isto é, a dimensão de qualquer subálgebra de Cartan). Estas álgebras são ditas excepcionais, e cumprem o mesmo papel dos grupos esporádicos no teorema de classificação de grupos simples. Mas as álgebras esporádicas geram grupos simples finitos ditos grupos de Chevalley (que não são grupos esporádicos).
4. Estruturação livre.
As categorias de álgebras aqui consideradas
são todas categorias concretas, para cada uma
existindo funtores de esquecimento para a categoria
Conj. Adjuntos à esquerda de funtores
de esquecimento são funtores de estruturação
livre.
O funtor de esquecimento
O funtor de esquecimento
Se, além de monóide, M=G for um grupo, objeto em Grp, então kG tem um antípoda que faz de kG uma álgebra de Hopf (co-comutativa, mas nem sempre comutativa), objeto de .
Se G for finito então o dual
é álgebra de Hopf (comutativa, mas nem sempre
co-comutativa), objeto de
,
dada pelas funções definidas em G tomando
valores em k com a estrutura natural usual de
ágebra:
;
a
co-multiplicação e a co-unidade são dadas
por