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RE: [obm-l] Re: Relatividade



Ola Wallace,

"Propor" um problema e MUITO MAIS DIFICIL e MUITO MAIS IMPORTANTE que 
resolver um problema ... Isso pode soar paradoxal, pois, a priori, quem 
resolve um problema parece ter
mais habilidades e mais conhecimentos que aquele que tao somente o propos. 
Mas nas esferas
mais altas das ciencias, existem basicamente um tipo de problema : os ditos 
"em aberto", em
torno dos quais gravitam boa parte das pesquisas de ponta.

Um problema "em aberto" e basicamente um "problema mal formulado"... isto e, 
nos nao sabemos
ainda fazer as perguntas certas, implicando aparentes inconsistencias com o 
saber tradicional. Em
geral, quando a solucao surge, ela e fruto de uma colocacao original, fruto 
de uma pergunta "idiota"
no contexto da qual a verdadeira formulacao do problema aquire sentido e a 
sua solucao e bem
vislumbrada e bem encaminhada.

Como exemplo podemos citar a equacao geral do 5 grau. Depois do sucesso em 
resolver a do
3 e do 4 grau, era "natural" que se procurasse a "formula" da equacao do 5 
grau. O "problema"
era basicamente esse : encontra uma expressao para as raizes em funcao dos 
coeficientes da
equacao. Hoje sabemos que esse "problema" so adquire uma resposta 
satisfatoria na Teoria dos
Grupos e que tal teoria jamais surge da postura ingenua ditada pelos 
sucessos com as equacoes
do 3 e do 4 grau. As perguntas precisam ser outras ...

Fato semelhante ocorreu com as Geometrias nao-euclidianas. O "problema" era 
basicamente
esse : Prove que o 5 postulado de euclides e um teorema ou estabeleca em 
definitivo que
ele e um axioma. Hoje nos sabemos que esta linha de investigacao e 
anacronica, que os
desenvolvimentos frutiferos que dariam uma resposta satisfatoria a esta 
questao iriam surgir
de uma postura e formulacoes que nao guardavam relacoes diretas ou tangiveis 
com as
formulacoes originais.

E poderiamos citar muitos outros exemplos mais modernos. A conviccao que 
fica e que, se
um problema esta "em aberto" e porque ele esta "mal formulado", e porque 
estamos fazendo
as perguntas erradas e tal como Sisifo, enveredando por um caminho sem fim e 
sem
perspectivas.

Em Matematica, a unica autoridade e a DEMONSTRACAO. Na Fisica, a 
EXPERIENCIA. Diante
dos fatos, nao pode haver argumento teorico contrario admissivel... Se um 
cientista faz um
experimento reprodutivel por qualquer outro cientista, estamos diante de um 
fato. Um fato !
Nao cabe-nos contesta-lo, cabe-nos compreende-lo. Se a nossa "teoria", seja 
ela qual for,
for incompativel com ele, a  teoria esta errada, incompleta. O fato, nao : e 
um fato e ponto
final !

Entao, o que nos resta diante de um fato e tao somente aprender a fazer as 
perguntas
corretas ... Voce ja viu ou detectou um PRINCIPIO DA CAUSALIDADE ? Colocou 
ele dentro
de um tudo de ensaio e fez experiencias com ele ? Nao, certo ? Portanto, 
tudo que temos aqui
e uma fe, uma fe que, como toda fe ... pode ser malsa ...

Note que o verdadeiro principio de causalidade que esta sendo derrogado e o 
PRINCIPIO DA
ANTECEDENCIA DAS CAUSAS, vale dizer, que toda causa deve anteceder, no 
tempo, os
seus efeitos. Mas o nexo causal se mantem, nao obstante "estar invertido" : 
a bomba explode
antes de nos apertarmos o detonador ! Mas ... Mas ... NOS PRECISAREMOS, 
AINDA, APERTAR
O DETONADOR ...

Quero dizer que se voce "ler nas entrelinhas", o que se chama QUEBRA DO 
PRINCIPIO DA
CAUSALIDADE  e apenas um suave e sutil PRINCIPIO DE NECESSIDADE ... Sim ... 
Pois se
o nexo causal nao se mantiver, o paradoxa desaparece, isto e, so ha 
"aparente" absurdo
porque "nos apertamos o detonador". Se a bomba explodisse e pouco depois 
ninguem
apertasse nenhum detonador, nada de anormal teria ocorrido : tao somente uma 
bomba
teria explodido e poderiamos remeter a ocorrencia a uma causa anterior 
qualquer e voltar
ao tradicional principio da causalidade : so ha paradoxo porque o nexo 
causal se mantem, vale
dizer, a bomba explode antes de eu apertar o detonador, mas ( e aqui ha um 
mais bem grande
que a maioria ainda nao viu ) eu NECESSITO apertar o detonador ...

Na natureza existem muitas necessidades ...

De maneira geral isso e claro no mundo organico, dos sistemas vivos. Um 
objeto qualquer,
identificavel e dotado de forma, fazendo parte de um contexto maior tambem 
identificavel,
cumpre um funcao ou executada movimentos somente plenamente compreenssiveis 
se
atentarmos para as funcoes maiores do contexto no qual ele se acha inserido, 
vale dizer,
alguams de suas propriedades sao irredutiveis ou incompreenssiveis se 
procurarmos "principios" ou "axiomas" fundamentais que as expliquem, pois o 
todo tem propriedades globais
irredutiveis a mera contemplacao das partes que os compoe.

Qualquer orgao do corpo humano e assim. Sua forma e seus movimentos so se 
tornam
plenamente compreenssiveis se entendemos a sua funcao ou papel que ele 
desempenha
em relacao ao todo, isto e, e impossivel compreende-lo "axiomaticamente".

E isto e apenas um preambulo ... Nos atuais estudos da Genetica, muito mais 
dificil e importante
que saber a composicao de cada gene ( projeto genoma ) e o estudo que agora 
se inicia de
identificar a "funcao" ou "papel" de cada gene no contexto de um ser vivo 
qualquer. O gene
e assim, um objeto natural e inorganico ( uma composicao de bases organicas 
) que desempénha
uma "papel" ou "funcao" util e necessaria "num contexto maior onde ele se 
acha imerso".

Talvez estas digressoes tornem mais "aceitavel" e "digerivel" o FATO FISICO 
aparentemente
tao paradoxal, pois implica na quebra do PRINCIPIO DA CAUSALIDADE, isto e, 
numa "suave"
e "sutil" alusao a um eventual "PRINCIPIO DE NECESSIDADE". O que se afigura 
tao alienigena
no dominio Fisico, conforme vimos, e rotineiro e banal em outros contextos.

As coisas em si nao sao problematicas. Nos, seres humanos, somos 
problematicos. Talvez seja
por isso que ao perguntarem ao Edipo como ele havia conseguido responder a 
pergunta do
Monstro, ele respondeu :

-- Qualquer que fosse o problema proposto, eu daria como solucao : O homem !

Um Abraco
Paulo Santa Rita
2,1757,260404

>From: "Wallace Martins" <wallace@poli.ufrj.br>
>Reply-To: obm-l@mat.puc-rio.br
>To: obm-l@mat.puc-rio.br
>Subject: [obm-l] Re: Relatividade
>Date: Mon, 26 Apr 2004 16:33:18 GMT
>Wallace Martins writes:
>
>>
>>Olá pessoal,
>>
>>       fiquei sabendo (não sei se muito tarde - através do GLOBO CIÊNCIA)
>>que os Físicos já conseguiram "fazer experiências com ondas" que caminham 
>>numa velocidade
>>MAIOR do que a velocidade da LUZ (c). Isto, é claro, vai de encontro com a
>>teoria da Relatividade (chega-se a vários absurdos).
>>
>>       A reportagem que li fala de um professor da UNICAMP que está
>>envolvido com tais estudos. O pessoal já está falando em reformular a
>>teoria da Relatividade.
>>
>>       Queria saber se os senhores têm alguma informação; esclarecimentos
>>também são válidos.
>>
>>       Um abraço,
>>
>>
>>
>>                               Wallace Martins
>>               Estudante de Engenharia Eletrônica e de Computação/UFRJ 
>>=========================================================================
>>Instruções para entrar na lista, sair da lista e usar a lista em
>>http://www.mat.puc-rio.br/~nicolau/olimp/obm-l.html
>>=========================================================================
>
>
>Segue-se a reportagem:
>
>Isso é Física - Ondas X
>
>Velocidade da luz, ultrapassada?
>
>O fato ocorreu num experimento realizado pelos cientistas Peeter Saari e 
>Kaido Reivelt, do Instituto de Física de Tartu, na Estônia. Trabalhando num 
>dos mais sofisticados laboratórios de óptica do mundo, eles produziram uma 
>emissão luminosa que viajou no espaço com velocidade 0,002% maior do que a 
>da luz. Esses sinais, já batizados com o nome de "ondas X" ou "ondas 
>superluminais", podem provocar uma revolução nas telecomunicações e colocam 
>em xeque um dos mais importantes modelos científicos deste século, a teoria 
>da relatividade.
>
>Além de transportar informações numa velocidade maior do que a da luz, a 
>principal vantagem tecnológica da onda superluminal é que ela praticamente 
>não se abre. Seu conteúdo energético fica concentrado num volume restrito 
>durante toda a propagação. "Isso faz com que as informações cheguem ao 
>receptor quase sem distorções. A grande novidade do experimento de Saari e 
>Reivelt é que, nele, a onda superluminal propaga-se livremente no espaço. 
>Porque, em condições especiais de confinamento, sinais mais rápidos do que 
>a luz já haviam sido criados em laboratório. O primeiro deles foi 
>conseguido em 1992 pelo físico alemão Günter Nimtz, diretor do Instituto de 
>Física da Universidade de Colônia. Como Aquiles, o herói da mitologia 
>grega, essa superteoria tem, porém, o seu ponto vulnerável.
>
>E o "calcanhar de Aquiles" da relatividade é sua incompatibilidade com a 
>existência de sinais mais rápidos do que a luz. "Quando se tenta juntar uma 
>coisa e outra, chega-se a situações paradoxais, que violam gravemente um 
>dos mais importantes pressupostos da ciência, o princípio da causalidade", 
>diz o físico e historiador da ciência Roberto Martins, professor de teoria 
>da relatividade da Unicamp-SP.
>
>Para ter idéia do que isso significa, imagine o seu avião voando entre duas 
>torres distantes. Ao sobrevoar o meio do caminho, você vê as luzes das duas 
>torres piscarem. Um observador parado no chão, bem em baixo do seu 
>aparelho, dirá que as piscadas foram simultâneas. E com razão, pois os 
>sinais luminosos chegam a ele no mesmo instante, após percorrerem 
>distâncias iguais. Para você, que está em movimento, porém, a distância 
>entre as duas torres só se torna igual neste exato momento. Uma fração de 
>segundo antes, quando as luzes se acenderam, a torre à sua frente estava um 
>pouco mais longe do que aquela que ficou para trás. Logo, se os sinais 
>luminosos chegaram juntos, foi porque a torre à sua frente piscou primeiro.
>
>Os dois raciocínios são rigorosamente verdadeiros cada qual no seu sistema 
>de referência. A contradição entre os resultados pode ser perfeitamente 
>explicada pela teoria especial da relatividade. Até aqui, nada a ver com 
>fenômenos superluminais. Para introduzi-los na história, imagine agora que 
>as duas piscadas não são eventos independentes, mas expressam uma relação 
>de causa e efeito: a torre de trás pisca no instante em que envia um sinal 
>S, mais rápido do que a luz, para a torre da frente e esta pisca ao 
>recebê-lo. Como não há limite para a velocidade do sinal, ele pode ser tão 
>rápido que o intervalo de tempo entre as piscadas fique menor do que 
>qualquer grandeza mensurável.
>
>O observador parado no chão poderá, então, identificar os eventos como 
>simultâneos. Aplicando a teoria da relatividade, porém, você continua 
>deduzindo que a torre da frente piscou antes. Ou seja: no seu referencial, 
>o efeito (a recepção do sinal) precede a causa (sua emissão). "Isso 
>constitui aquilo que os físicos chamam de anomalia causal do primeiro 
>tipo", informa Roberto Martins. "Para quem está no avião, a torre da frente 
>pisca sem motivo aparente e só depois o operador da torre de trás aperta o 
>botão que emite o sinal superluminal.
>
>Ele já não é mais livre para apertar o botão a qualquer momento. Tudo se 
>passa como se o seu gesto fosse comandado por um sinal superluminal S', de 
>sentido contrário, que saísse da torre da frente no instante em que ela 
>pisca." Com o intuito de facilitar a apresentação do problema, fizemos o 
>avião sobrevoar o ponto médio no instante preciso em que as emissões 
>luminosas chegavam até ele. A conclusão de que a torre da frente pisca 
>primeiro independe, porém, desse fato.
>
>Ela decorre tão somente do sentido do movimento do aparelho. Suponha, 
>então, que seu avião esteja tão próximo da torre da frente que a luz 
>emitida por ela chegue até você antes do suposto sinal S' atingir a torre 
>de trás. E que, ao receber essa emissão, você envie imediatamente um 
>segundo sinal superluminal, S", ainda mais rápido do que S', para a 
>referida torre. Ele poderia atingi-la antes de o operador apertar o botão.
>
>Exercite um pouco mais sua fantasia e imagine que exista uma bomba 
>instalada no local. O sinal S" poderia detoná-la, destruindo a aparelhagem 
>e impedindo, para sempre, que o operador apertasse o botão que deu início a 
>todo o processo. A incrível onda X: o sinal mais rápido que a luz. O amanhã 
>já aconteceu. Foi emitida no ara superluz que desafia a teoria da 
>relatividade.
>
>(Copyright 1999 © Editora Globo S.A.) Por José Tadeu Arantes
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