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Re: matemática no enem



Caro Marcos:
Os assuntos que voce suscita sao muito instigantes, e ha pilhas de livros
sobre eles. 
Quero so comentar as "definicoes" de ponto em Euclides como algo que nao tem extensao,  
e reta como algo que nao tem espessura.
Nunca se ve Euclides (em seus "Elementos") usando esta duas definicoes, por exemplo,
no meio de uma demonstracao. Podemos portanto considera-las como "pseudo-definicoes"
(assim como quando se fala "conjunto eh uma colecao de objetos"). Na realidade, ponto e 
reta nao se definem em Euclides (veja J.Dieudonne: "Mathematics, the Music of Reason, p.37). 
JP 
-----Mensagem original-----
De: Marcos Eike Tinen dos Santos <mjsanto@carajasnet.com.br>
Para: obm-l@mat.puc-rio.br <obm-l@mat.puc-rio.br>
Data: Segunda-feira, 6 de Março de 2000 21:56
Assunto: Re: matemática no enem

Olá, José Fabrício.
 
Como vai?
 
Li sua mensagem e a achei muito interessante, pois discute o que os alunos pensam, e lógico o que eu penso, pois sou aluno também.
 
Aprendemos uma matemática teorizada, porém, por estarmos no início de nosso curso, ou seja, segundo grau ou primeiro grau, achamos que certas matérias são inúteis, de fato, essa conclusão pode ser aceita de uma forma bastante convidativa, pois não podemos usar toda a teoria aprendida, na vida cotidiana. Mas, me pergunto: O que é vida cotidiana?
 
A filosofia matemática tenta explicar muitas partes que a matemática pura e teórica deixa a desejar. Um exemplo interessante a se citar é: "O que são pontos?" Podemos pensar em várias formas para um ponto. Euclides disse que pontos são "coisas" que não possuem partes. Porém, se não possui partes, implica na falta de dimensão. Se não tem dimensão não existe. Por isso, às vezes fico pensando, ao meu ver o postulado proposto por Euclides não tem uma correta interpretação da realidade, pois um ponto é relativo. Prefiro não me referir a pontos, mas sim um lugar do espaço.
 
Porém, outra questão é relevante neste assunto, o que seria a realidade?
 
Entende? A matemática ela é uma ferramenta criada pelo homem que atende nossas exigências de realidade, porém não pode ser totalmente aplicável a vida cotidiana. De fato, acho que tais conceitos não vão se perder, pois nós precisamos dele para alguma coisa, e se um grande mestre o descobriu foi porque exergou mais longe que outros, como dizia Newton: "Se vi mais longe foi porque estava sobre ombros de gigantes".
 
Como disse JP, essa questõs sempre serão relevantes.
 
 
Atenciosamente,
 
Marcos Eike
 
----- Original Message -----
Sent: Terça-feira, 7 de Março de 2000 02:26
Subject: matemática no enem

Caros amigos da lista, não sei se o assunto é adequado, mas não vejo prejuízo nenhum para a lista. Gostaria de ter a opinião de vocês.

Vou tentar ser breve: O exame nacional propõe situações práticas, contextualizadas, exigindo do aluno, raciocínio e não simplesmente memorização de fórmulas. Não vejo problema até aí. No entanto muitas questões exibidas nas provas anteriores, embora bem boladas, não abrange toda a matemática que se ensina em sala de aula. Continuando nesse ritmo, então, existe a possibilidade de se excluir naturalmente determinados conteúdos do vestibular e consequentemente dos currículos dessa nova geração. Será que daqui a alguns anos esse conhecimento elaborado, adquirido através de grandes mestres, textos de livros e revistas não vão se tornar inadequados as novas propostas de ensino por não ser tão "prático"? Tal conhecimento não ficará mais elitizado ou mesmo esquecido? O conhecimento elaborado e o conhecimento cotidiano na minha opinião devem caminhar juntos. Mas, a partir do momento que se exclui uma porcentagem tão alta de conteúdos matemáticos, parece até que apenas uma pequena parte do que se ensina tem utilidade prática. Todo conhecimento tem sua importância em nosso crescimento. Mas do jeito que as coisas ocorrem, parece até que foi um desperdício aprender tanto.

plutao@secrel.com.br

Grato!!!!!!!!!