Será conveniente representar o espaço tridimensional como
com coordenadas (z,t) onde z=x+iy e
.
Sejam
aplicacões suaves do intervalo [0,1] em
tais que os gráficos dos zj(ou seja as curvas
(zj(t),t) em
)
são
disjuntas e encontram os planos
e
em
e
.
Uma n-trança é uma união (disjunta) de n tais gráficos
(os fios da trança).
Cada fio liga um ponto (j,0) a um ponto
(S(j),1) onde
e S é uma permutacão de
.
Por exemplo, a 2-trança
é dada por
Se bs é uma família contínua de tranças, onde
então
as tranças b0 e b1 são chamadas de equivalentes.
Se b e c são duas tranças, onde b é definida por
e c é definida por
então o produto bc é
a trança definida por zj(2t) se
e por wj(2t-1)
se
.
Em outras palavras, b e c são comprimidos por
um fator 1/2 na direção t é então b é colocada em cima de c.
A inversa b-1 de uma trança b é obtida refletindo b no
plano
,
ou seja usando as funções zj(1-t) no lugar
de zj(t).
As classes de equivalência das n-tranças formam um grupo Bn com elemento
neutro a trança cujos fios são todos verticais.
A demonstração (bastante trabalhosa) de que Bn
é um grupo lembra a demonstração de que o grupo fundamental é um grupo.
De fato, Bn é o grupo fundamental do espaço Xn das configurações
de n partículas (não ordenadas) no plano. Mais precisamente, se Cn
é o aberto de
que consiste de todos os
tais que
se
então Xn é o quociente de Cn
pela ação do grupo simétrico Sn. O ponto base de Xn é
e as funções zi(t) que definem uma n-trança também
definem um caminho
em Xn com pontos
iniciais e finais iguais ao ponto base.
O grupo Bn é gerado por
.
As
relações
(se
)
e
podem ser facilmente verificadas e, de fato, toda relação entre os
geradores
é conseqüência destas relações.
Todo nó em
é equivalente a (isto é, pode ser deformado continuamente
em) um nó que sempre gira na mesma direção em torno de um determinado
eixo (teorema clássico de Alexander, que vale também para enlaçamentos,
ou seja nós com mais que uma componente conexa). É fácil deduzir que
todo nó ou enlaçamento orientado é equivalente ao fecho de uma trança.
O fecho de uma n-trança é o nó ou enlaçamento obtido unindo as
extremidades da trança por n curvas disjuntas no plano y=0.
Alternativamente, o fecho pode ser visto como a imagem da trança pela
aplicação de
em
que leva o ponto (x,y,t)
em (x,y,u) onde
.
Para cada nó existem infinitas tranças cujos fechos são equivalentes
ao nó. Por exemplo, se b1 e b2 são duas tranças é fácil ver que
os fechos de b1b2 e b2b1 são equivalentes como nós. Outro
exemplo: se a n-trança b está contida em
então a união de
b com o fio vertical
é uma n+1-trança
e os fechos de
,
e b são todos equivalentes como nós.
Se I(K) é um invariante de nós (isto é: I(K)=I(L) se K e L são
equivalentes) então o valor de I é igual para os fechos de b, b+
e b-. A recíproca também vale (Teorema de Markov). Seja J(b) um
invariante de tranças (isto é
J(b1)=J(b2) se b1 e b2 são
equivalentes como tranças). Se (Markov I) para todas n-tranças c1
e c2 temos
J(c1 c2)=J(c2 c1) e (Markov II) para toda n-trança
b contida em
temos que
J(b+)=J(b)=J(b-) então J
define um invariante I de nós pela regra
.
Uma maneira de se construir invariantes de tranças é usando transporte paralelo, como segue.