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[obm-l] Re: Os limites e a falta de limite e de bom senso...



Nehab.......
Gostaria de agradecer por suas palavras q foram tão sensatas e sábias...
Falar assim é fácil até ser grosso com um amigo....O q é fácil pra
você eh tudo aquilo q vc está preparado....Por mais absurdas mensagens
que já enviei nunca me respnderam assim....
Quanto mais as pessoas sabem mais devem ficar humildes por não saberem
quase nada.... Um exemplo de humildade é o russo Grisha Perelman, que
rejeitou a medalha Fields (Ele foi Perfect score na IMO quando tinha
14 anos, se não me engano)

Leonardo B Avelino

Em 15/09/06, Carlos Eddy Esaguy Nehab<carlos@nehab.net> escreveu:
> Caros,
>
> Vou meter o bedelho onde NÃO fui chamado e pela primeira vez com
> alguma tristeza.   Tenho 60 anos e fui professor de uma quantidade
> inacreditável de profissionais que hoje habitam esta lista e com
> absoluta certeza, a maioria com neurônios matemáticos muito mais
> competentes que os meus (mesmo na época de meus 20, 30 40 e 50 anos
> de idade).    Fui professor de gênios - não fizeram nenhuma força
> para isto - é uma dádiva.   E eu sempre assinalava isto.
>
> Nunca me inclui neste clube simplesmente porque não era e não o
> sou.  Não sou hipócrita de achar que minha habilidade com a
> Matemática é trivial.  Não, não é.  Sou bom nisto.  Mas não sou ótimo
> e já fui melhor.   Mas continuo sendo muito, mas muito feliz.
>
> Mas meu maior prazer na vida sempre foi a sala de aula e certamente,
> quando jovem (comecei muito cedo nisto), eu dava aula para mim  mesmo
> e com toda certeza com um quê de arrogância.  Do tipo "isto é
> óbvio",  "como você não aprendeu isto ainda?", etc.    Nesta época eu
> ainda não sabia que não sabia...
>
> Lá pelos 30 anos descobri que muito mais prazer do que mostrar o que
> eu sabia era fazer com que os alunos se motivassem a saber o que eu
> sabia (e se possível muito mais).   Meu maior prazer NÃO era mais a
> sala de aula em si (a serviço de um narcisismo idiota), mas poder
> propiciar aos alunos minha experiência de aprendizado, meu prazer com
> a beleza da Matemática e, mandatóriamente, aumentar a auto-confiança
> e auto-estima dos que ainda não possuiam habilidade adequada a seu
> nivel escolar com a Matemática (lugar comum na realidade brasileira).
>
> O povão que habita esta lista (e ai me incluo), é "chegado" numa
> competição e num bom desafio.  E a forma como cada um gerencia o grau
> de envolvimento nestes processos (ou lutas?) também depende da
> consciência do que representa esta competição e este desafio para a
> psiquê de cada um de nós.   Infelizmente muitas vezes se pisa na
> bola.  É uma pena.   E em geral é porque há outros tipos de neurônios
> não matemáticos que também precisam ser desafiados para a gente
> compreender um pouco mais o "outro" e a nós mesmos.   Ou seja,
> aprender a ver os outros como tal e não como simples espelhos de nós mesmos
>
> Um sociólogo extremamente criativo (Zygmunt Bauman), em um de seus
> textos aborda a forma como uma sociedade vê um "estranho", um
> "suposto invasor", que possui questões que põem em "risco" a
> estabilidade da tal sociedade.  São "perigosas" para o "status quo",
> para o "atual equilíbrio".  Bauman usa a metáfora de "engulir" o
> estranho para depois "regurgitá-lo", "expelindo-o" e faz uma analogia
> com a forma como a sociedade "esconde seu lixo" (os mendigos, os
> sem-terra, os sem-nada, etc).
>
> Não pude evitar a lembrança deste belo e instigante texto, quando
> acompanhei alguns emails sobre "o que eu deveria saber sobre limite
> mas não sei" ou "o que você está fazendo nesta lista", "mude de
> curso", etc, e outros tantos prejulgamentos muitas vezes equivocados
> e preconceituosos.
>
> Sugiro a todos os que vibram com o ensino da matemática (e não apenas
> ela por ela mesma - que também tem sua beleza) quem façam um
> estagiozinho dando aulas em alguma escola particular (conceituada ou
> não) e passará a entender a realidade brasileira e a frustração do
> colega que buscou ajuda nesta lista e nós quase que só comprovamos a
> metáfora do Bauman.  Mais uma vez uma pena.
>
> Mesmo sem ter procuração de ninguém nesta lista, peço desculpas a
> você, Washington.   Admiro a busca por soluções para suas
> dificuldades e a forma madura e elegante como respondeu a descortesia
> (inconsciente ou não) que encontrou na lista.
>
> É muito fácil ser professor do Nicolau (o coordenador desta lista), a
> quem admiro há muitos anos.  Mas também desafiador e instigante é ser
> seu professor.   Aceito este desafio como uma parceria.    Mas espero
> que você não queira aprender a integral de Lebesgue.  Fiquemos apenas
> com o Cálculo, que definitivamente não tem nada de simples nem de
> complicado.
>
> Ora bolas, simples é o que a gente já sabe, já dizia um filósofo de
> botequim que não lembro o nome...  ou em outra versão: problema óbvio
> e o que já sei como se resolve....   Frases absolutamente idiotas,
> mas pelo menos divertidas.
>
> Atenciosamente,
> Carlos Nehab
>
> At 16:09 14/9/2006, you wrote:
> >Bom, nesta lista sempre se consegue ajuda, a menos que seja um
> >assunto que ninguém aqui conheca ou um problema que ninguém aqui
> >consiga resolver. Mas quando a questão é muito geral, como uma
> >pergunta sobre o que eh limite ou o que eh derivada, aih a solucao
> >eh mesmo consultar um bom livro e, depois de adquirir algum
> >conhecimentom sobre o assunto, aih sim mandar dúvidas mais
> >específicas para esta lista, se vc nao conseguir uma ajuda com um
> >professor ou um colega.
> >
> >Eh um fato que poucas pessoas gostam de matematica e tem interesse
> >em estuda-la mais a fundo. Eu fiz engenharia, uma cadeira
> >tradicionalmente conhecida como exata, portanto baseada, ao menos em
> >parte, em matematica, e encontrei muito poucos colegas interessados
> >em compreende-la mais a fundo. Se vc perguntar aa maioria dos
> >estudantes de engenharia ou aos que ja se formaram a definicao de
> >limite, aposto que muito poucos saberão dizer. Dentre todos os meus
> >colegas de curso de engenharia, eu sou o unico que me interessei em
> >estudar assuntos que a grande maioria considera teoricos, sem
> >objetivo pratico e, ateh mesmo, conforme dizem alguns, uma
> >verdadeira frescura. Acredito que muitos dos colegas aqui da lista
> >tenham tido experiencias similares. Eu, por exemplo, gosto de
> >Analise e sempre que posso estudo assuntos nao cobertos em cursos de
> >engenharia, como integral de Lebesgue. Mas muita gente que ve
> >aquelas "cobrinhas" que aparecem em integrais diz que nao servem
> >para nada e eh perda de tempo e dinheiro estudar tais assuntos. Pra
> >mim teve uma utilidade concreta, estudar estes conceitos e
> >entende-los, na medida do possivel e da minha capacidade, me fez
> >mais feliz. E isso vale para todos os ramos da matematica. E estou
> >certo que vale em qualquer ramo do conhecimento.
> >
> >Mas para evoluir em matematica eh mesmo fundamental gostar, estar
> >disposto a raciocinar, a investir fosfato. Quem só estuda para
> >passar na faculdade dificilmente evoluirah muito. Mas, para a
> >maioria, estudos mais profundos nao sao mesmo necessarios.
> >Artur
> >
> >-----Mensagem original-----
> >De: owner-obm-l@mat.puc-rio.br [mailto:owner-obm-l@mat.puc-rio.br]Em
> >nome de Washington
> >Enviada em: quinta-feira, 14 de setembro de 2006 12:31
> >Para: obm-l@mat.puc-rio.br
> >Assunto: RE: [obm-l] Como se resolve limite?
> >
> >Não,não foi grosso,só foi objetivo e vou responder da mesma forma. ;-)
> >
> >A universidade eu prefiro não dizer em razão da discriminação que
> >acontece em todo lugar. Uma lista de discussão não seria diferente.
> >O que posso dizer é que é universidade conceituada e paga.
> >Professores excelentes,com mestrado,doutorado,entre outras
> >especializações,mas os alunos,como em muitos lugares,não aprendem a
> >fundo. Posso colocar como culpado o ensino tradicional que não
> >incentiva o aprendiz a pensar. Simplesmente joga fórmulas na cara da
> >pessoa e quem quiser que se vire.
> >
> >Eu não tranco a matéria porque sou persistente e tenho esperança de
> >ser aprovado. Não mudo de curso porque vou muito bem em
> >algoritmos(programação),adoro criar programas. Meu problema mesmo
> >são nas cadeiras que envolvem matemática muito teórica.
> >
> >Se cálculo I é matéria simples,eu não consigo entender como tantos
> >alunos não sabem me responder nada do que pergunto. Converso com
> >alunos de universidades estaduais,federais,particulares,de cursos de
> >ciência da computação,engenharia,engenharia de produção,etc e não
> >sabem(ou talvez tenham certa alergia à matemática,visto que poucas
> >pessoas gostam de raciocinar). Não são tantos,mas não posso ficar
> >procurando gente nesses lugares só com esse interesse.
> >
> >Pergunte sobre o que passou numa novela,que rapidamente vc tem uma
> >resposta. Agora,pergunte sobre matemática que a maioria faz ihhhhh.
> >Se entende,não quer compartilhar o que sabe.
> >
> >Meu professor disse que os alunos estudassem muito porque é a
> >cadeira que mais reprova.
> >
> >"Vc chama uma simples fatoração do tipo a^3+b^3=(a+b)(a^2-2ab+b^2)
> >de teorema?"
> >
> >Não sei diferenciar teorema de uma fórmula.
> >Como livros não ajudam,procuro o dicionário. Teorema,segundo ele,é
> >uma proposição que pra ser admitida,precisa de uma demonstração.
> >
> >
> >"Luiz H. Barbosa" <ricklista@bol.com.br> escreveu:
> >Se eu fosse vc mudaria de curso ou trancaria a matéria. Pq se o seu
> >prof ja entrou em derivadas, e visto que vc tem outras matérias para
> >estudar, não tem como aprender em pouco tempo.
> >Qual faculdade vc estuda?
> >Esses teoremas a que vc se refere me parece que é fatoração.É isso
> >mesmo?Vc chama uma simples fatoração do tipo
> >a^3+b^3=(a+b)(a^2-2ab+b^2) de teorema?
> >Calculo 1 é uma matéria simples!!E se vc estuda em faculdade federal
> >é melhor se acostumar com o tipo de professor!!
> >Abraço e me desculpe se fui grosso,
> >Luiz H. B. Rocha
> >
> >
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