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Re: [obm-l] ajuda



Oi.
Resposta r�pida: t� estranha essa pergunta.

Vou inicialmente explicar pq est� estranha essa pergunta, e depois mostrar como a gente pode reformular ela para que ela tenha sentido e possa ser respondida.

Quando vc utiliza "..." numa soma, vc precisa deixar bem claro o que isso significa. Em alguns casos, o significado � evidente, por exemplo:
x = 1 + 1/2 + 1/4 + 1/8 + 1/16 + ...
Claramente, x � a soma da PG de razao 1/2, com termo inicial igual a 1.
Ent�o x � um n�mero real, j� que soma de PG com raz�o menor que 1, em m�dulo, converge para a_1 / (1 - q). Em particular, x = 2.
Agora podemos definir um n�mero y = x + 2, pois o sinal "+" s� faz sentido (neste contexto) quando colocado entre n�meros reais.

Quero dizer o seguinte: vc n�o pode somar 2 a uma coisa que n�o � um n�mero, n�o pode somar 2 a algo que n�o exista.

Veja:

x = sqrt(6) + sqrt(6) + sqrt(6) + ...

O jeito mais natural de se definir esse "..." seria assim: "vai somando sqrt(6) sem parar". Matematicamente, precisamos dar algum grau de rigor a essa express�o, da seguinte maneira:

Seja a_n uma seq��ncia definida por a_n = sqrt(6).
Seja agora s_n uma outra seq��ncia definida por s_n = a_1 + a_2 + ... + a_n  (note que aqui o "..." est� bem definido e s_n � um n�mero real, que vc pode explicitar facilmente)
Para evitar usar os "...", vc pode tamb�m dizer que s_n = sum (i=1..n) a_i, ou seja, o n-�simo elemento da seq��ncia s_n � a soma dos n primeiros elementos da seq��ncia a_n.

Dizemos que s_n � a soma parcial da s�rie num�rica associada � seq��ncia a_n.

Pra que toda essa enrola��o?
Pra dizer o seguinte: o seu n�mero x = sqrt(6) + sqrt(6) + ... pode ser definido como o limite da seq��ncia s_n, quando n tende a infinito. Agora temos uma defini��o rigorosa do x.

MAS quanto vale o limite? O limite n�o existe, pois n�o existir� algum n�mero real do qual vc v� se aproximando ao avan�ar mais na seq��ncia s_n, ela vai sempre crescendo indefinidamente. Ent�o podemos ou dizer que o limite n�o existe, ou ent�o que � infinito (que � apenas uma das raz�es pelas quais um limite pode n�o existir).

Assim, o seu "n�mero" x n�o � um n�mero, e portanto n�o faz sentido colocar o sinal de "+" entre x e o 2.

Se vc quiser viajar um pouco, vc at� tem como definir esse x como um n�mero hiperreal (que � uma extens�o dos reais para englobar numeros infinitamente grandes (e inclusive classifica-los ordenadamente) e infinitamente pequenos), e a� vc diz que x e 2 s�o n�meros hiperreais e pode fazer todas as suas contas do tipo x + 2 e x / y.

Mas isso � viagem demais e eu n�o sei trabalhar com hiperreais. Esse conjunto j� foi discutido h� algum tempo aqui na lista, e talvez algu�m com mais conhecimento possa explicar para voc�.





A gente pode tentar reformular sua pergunta para dar algum significado e sentido ao exerc�cio.
N�o defina x = sqrt(6) + sqrt(6) + ..., pq, como j� vimos, isso n�o � n�mero, a� n�o podemos somar 2 a ele.
Defina entretando o n�mero r_n como sendo a raz�o entre os n�meros x_n e y_n, onde:
x_n = sqrt(6) + sqrt(6) + ... + sqrt(6)    (n vezes)
y_n = x_n + 2

Note que agora x_n est� bem definido: x_n = n * sqrt(6), que � um n�mero real, para qualquer n natural.
Da mesma forma, y_n est� vem definido e vale n * sqrt(6) + 2.
Alem disso, definidos, assim, os n�meros de forma bem parecida com o que vc escreveu, ent�o acho que podemos acordar que seja uma interpreta��o razo�vel para o enunciado.

Ent�o r_n = n*sqrt(6) / (n*sqrt(6) + 2)

Agora sua pergunta �: quanto vale lim (n->oo) r_n?

Para calcular tal limite, divida por n em cima e em baixo e use propriedades b�sicas de limite:
r_n = sqrt(6) / (sqrt(6) + 2/n), para todo n >= 1.
lim sqrt(6) / (sqrt(6) + 2/n) = 1, j� que 2/n tende a 0 e o denominador tende portanto a sqrt(6), e o numerador tende a sqrt(6).




Outra maneira de reformular a pergunta, usando uma interpreta��o semelhante �quela do Tio Cabri, � escrever:
x = sqrt(6 + sqrt(6 + sqrt(6 + ...))).
Acho que h� 2 ou 3 semanas houve aqui na lista uma discuss�o a respeito de como calcular o valor desse tipo de seq��ncias, em que falei de um teorema pra isso. Procure nos seus arquivos, ou nos do site do Prof. Nicolau, moredador da lista. O endere�o est� no final do email.




Abra�o
Bruno


ps: tio cabri, definindo x_n = sqrt(6) . sqrt(6) . ... . sqrt(6), e y_n = x_n + 2, temos:
r_n = x_n / y_n = sqrt(6)^n / (sqrt(6)^n  +  2)
Divida por sqrt(6)^n, em cima e em baixo:
r_n = 1 / (1 + 2 / sqrt(6)^n)
Logo, o limite tamb�m � igual a 1, e n�o 3/5.

Acho que vc quis dizer que fez o exerc�cio como se fosse sqrt(6*sqrt(6*sqrt(6* ... ))). O jeito de resolver isso, "estando no bar", � fazer:
x^2 = 6 * sqrt(6 * sqrt(6 * ...)) = 6x
Ent�o x = 0 ou x = 6, a� y = 8, e a raz�o � 8/6 = 4/3.
Para justificar isso, veja a discuss�o a que me referi acima.


On 9/12/06, Aron <tiaron@oi.com.br> wrote:
Ol�
 
algu�m sabe como resolver esta?
 
Se x=sqrt(6)+sqrt(6)+sqrt(6)+... e y=x+2, ent�o qual � a raz�o entre x e y?
 
grato.
Aron



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Bruno Fran�a dos Reis
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e^(pi*i)+1=0