| De: | 
      owner-obm-l@mat.puc-rio.br | 
 
  
  
    
    
      | Para: | 
      "OBM-l (E-mail)" 
        obm-l@mat.puc-rio.br | 
 
  
  
  
    
    
      | Data: | 
      Tue, 4 Oct 2005 
        12:16:28 -0300 | 
 
  
  
    
    
      | Assunto: | 
      [obm-l] Funcao de 
        Lipschitz | 
 
  > Eu acho esses problemas sobre funcoes de Lipschitz bonitinhos:
  > 
  > (1) - seja D um subconjunto de R^n e f:D => R^m Lipschitz em D. 
  Mostre que
  > (a) Existe uma menor constante de Lipschitz associada a f em D. 
  
   
  Seja A = {K em R | |f(x) - f(y)| <= K*|x - y| para todos x e y em 
  D}.
  É claro que A é limitado inferiormente (por 0, por exemplo) de modo que 
  existe L = inf(A).
   
  Se f for constante, então L = 0. Assim, suponhamos que f não é constante 
  e, em particular, que D tem mais do que um elemento. Isso quer dizer que L 
  > 0.
   
  Suponhamos que L não pertence a A, ou seja, que A = (L,+infinito).
  Então existem a e b em D tais que, para todo eps > 0:
  0 < L*|b - a| < |f(b) - f(a)| <= (L + eps)*|b - a|
   
  Como eps é arbitrário, isso quer dizer que:
  0 < L*|b - a| < |f(b) - f(a)| <= L*|b - a| ==> 
  contradição ==>
  L pertence a A.
   
   
  > (b) Se K eh esta menor constante, entao, para todo eps >0, 
  existem x1 e > x2<>x1 em D tais
  > que ||f(x2) - f(x1)|/|x2 - x1| - K| < eps 
   
  Dado eps > 0, existem x e y em D tais que x <> y e:
  (K - eps)*|x - y| < |f(x) - f(y)| < (K + eps)*|x - y| ==>
  K - eps < |f(x) - f(y)|/|x - y| < K + eps ==>
  ||f(x) - f(y)|/|x - y| - K| < eps 
   
   
  (c) Se K eh constante de Lipschitz
  > de f em D e existirem x1<>x2 em D tais que:
  > |f(x2) - f(x1)| = K*|x2 - x1| ,
  > entao K eh a menor constante de Lipschitz de f em D. A reciproca 
  eh
  > verdadeira?
  > 
  K é constante de Lipschitz mas, para todo eps > 0, teremos:
  |f(x2) - f(x1)| = K*|x2 - x1| > (K - eps)*|x2 - x1| ==>
  K - eps não é constante de Lipschitz ==>
  K é a menor constante de Lipschitz de f em D.
   
  A recíproca não vale.
  Seja f:(1,+infinito) -> R dada por f(x) = raiz(x).
  Então, dados x < y em (1,+infinito), teremos:
  raiz(y) - raiz(x) = (y - x)/(raiz(y) + raiz(x)) < (y - x)/2, 
  de modo que f é Lipschitz com constante 1/2.
  No entanto, não existem x e y distintos em (1,+infinito) tais que:
  |raiz(y) - raiz(x)| = (1/2)*|y - x|, 
  pois dividindo ambos os membros por |raiz(y) - raiz(x)|, obteremos:
  raiz(y) + raiz(x) = 2, o que é impossível com x e y em 
  (1,+infinito).
   
  **** 
   
  > (2) Sejam I um intervalo de R e f:I => R derivavel em I. Entao, f 
  eh
  > Lipschitz em I se, e somente se, f' for limitada em I, caso em que 
  K
  > =supremo {|f'(x)| | x estah em I} eh a menor constante de Lipschitz 
  de f em
  > I.
  > 
  Se |f'(x)| <= M para todo x em I, então, dados x < y em I, pelo TVM 
  existirá z tal que x < z < y e |f(y) - f(x)| = |f'(z)|*|y - x| <= 
  M*|y - x| ==> f é Lipschitz em I com constante M
   
  Reciprocamente, se f é Lipschitz em I com constante K, então, dado a em 
  I, para todo x em I - {a} teremos - K <= (f(x) - f(a))/(x - a) <= K 
  ==>
  -K <= lim(x -> a) (f(x) - f(a))/(x - a) <= K (limites laterais 
  se a for um dos extremos de I) ==> -K <= f'(a) <= K ==> |f'(a)| 
  <= K. Como a é qualquer, o resultado segue.
   
  Seja K = supremo {|f'(x)| | x estah em I}.
  Então, pelo TVM, é claro que f é Lipschitz com constante K.
  Dado L com 0 < L < K, existe a em I tal que |f'(a)| > 
  L.
  Isso quer dizer que existe delta > 0 tal que:
  x pertence a I  e  0 < |x - a| < delta ==> |(f(x) - 
  f(a))/(x - a)| > L
  Ou seja, |f(x) - f(a)| > L*|x - a| ==> L não é constante de 
  Lipschitz para f.
   
  Acho que o mais interessante desse problema é que ele 
  ilustra uma das propriedades mais importantes e úteis dos limites: a 
  permanência das desigualdades.
   
  []s,
  Claudio.
   
  > 
  > Lembrando, f eh Lipschitz em D se existir uma constante K>0 tal 
  que |f(x2)
  > - f(x1)| <= K*|x2 - x1| para todos x1 e x2 de D. Eh imediatpo que 
  se K for
  > constante de Lipschitz, entao todo K' > K tambem eh.
  > 
  > Artur 
  >