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Re: Unicamp: Ensino Medio?!



On Sun, Oct 28, 2001 at 01:23:06AM +0000, Rogerio Fajardo wrote:
> Concordo plenamente. Mas por que tiraram limites, derivada e integral ao
> invés de determinantes, nos vestibulares? Por que não pedem coisas mais 
> "aplicáveis" ? A idéia de basear o ensino médio baseado no vestibular não é 
> absurda, dado que espera-se que o vestibular cobre do aluno aquilo que é 
> esperado que ele tenha aprendido no ensino médio. Se quisermos mudar o 
> conteúdo do ensino médio, devemos mudar o vestibular.
> A proposta de colocar rudimentos de cálculo diferencial e integral no 
> vestibular, em lugar de determinantes, continua à tona. Só que não sei como 
> os alunos propensos a cursos de humanas e biológicas, e não de exatas, iria 
> receber isso.
> 
> E estatística? Taí, uma coisa de matemática que é útil, aplicável e todos 
> precisam saber, mesmo quem estuda humanas. Podia ser ensinado no ensino 
> médio.
> 
> Peço desculpas ao prof. Nicolau por ter interpretado mal o que ele disse. 
> Descrevi uma opinião minha interpretando, erroneamente, como sendo, também, 
> dele.

Ok, este tipo de mal entendido é normal, mas não podia deixar de chamar
a atenção para que meu e-mail não fosse mal interpretado por outros.
Gostaria de aproveitar para fazer mais alguns comentários:

A não inclusão de cálculo no ensino médio é a tendência mundial,
tanto é assim que na IMO não se usa cálculo. Acho que não tem nada a ver
com o vestibular. O fato de cálculo não cair no vestibular e o fato
de cálculo não ser ensinado na escola vêm ambos de uma mesma decisão
de considerar o assunto cálculo como mais adequado para a faculdade.
Não tenho nenhuma opinião forte quanto a ensinar ou não cálculo no ensino
médio e acho que a má qualidade no ensino de matemática não tem nada
a ver com esta questão.

Quando falei de aplicações no meu e-mail usava a palavra no sentido amplo.
Assim, se na escola ensinássemos como usar determinantes para atacar
problemas de contagem em análise combinatória (coisa que eu faço na minha
pesquisa) isto para mim seria uma aplicação (a outro ramo de matemática pura).
Este não é o significado usual da expressão "matemática aplicada" mas acho
que no contexto do meu e-mail minha verdadeira intenção transparece.

Eu não sou contra a matemática pura; nem poderia ser, sendo eu próprio
um matemático puro. Acho muito equivocada a idéia de que a matemática *só*
se justifica pelas suas aplicações práticas. O que eu sou contra é o ensino
de umas definições soltas (produto de matrizes, determinantes) sem relacionar
o assunto com mais nada que o aluno conheça, sem que estas definições ajudem
a resolver problemas em outras áreas da matemática (o que *poderia* ser feito
em princípio já que a álgebra linear de fato tem muitíssimas aplicações
tanto a outras áreas de matemática pura quanto a outras ciências; poderia
ser feito mas não é).

Finalmente, eu sou a favor do ensino de probabilidade no ensino médio
ou antes mas não tenho nenhum entusiasmo com a idéia de ensinar estatística.

[]s, N.