Caro Marcos:
Os
assuntos que voce suscita sao muito instigantes, e ha pilhas de
livros
sobre eles.
Quero so comentar as "definicoes" de
ponto em Euclides como algo que nao tem extensao,
e reta como algo que nao tem espessura.
Nunca se ve Euclides (em seus
"Elementos") usando esta duas definicoes, por exemplo,
no meio de uma demonstracao. Podemos portanto
considera-las como "pseudo-definicoes"
(assim como quando se fala "conjunto eh uma
colecao de objetos"). Na realidade, ponto e
reta nao se definem em Euclides (veja J.Dieudonne:
"Mathematics, the Music of Reason, p.37).
JP
Olá, José Fabrício.
Como vai?
Li sua mensagem e a achei muito interessante, pois discute
o que os alunos pensam, e lógico o que eu penso, pois sou aluno
também.
Aprendemos uma matemática teorizada, porém,
por estarmos no início de nosso curso, ou seja, segundo grau ou
primeiro grau, achamos que certas matérias são inúteis,
de fato, essa conclusão pode ser aceita de uma forma bastante
convidativa, pois não podemos usar toda a teoria aprendida,
na vida cotidiana. Mas, me pergunto: O que é vida
cotidiana?
A filosofia matemática tenta explicar muitas partes
que a matemática pura e teórica deixa a desejar. Um exemplo
interessante a se citar é: "O que são pontos?"
Podemos pensar em várias formas para um ponto. Euclides disse
que pontos são "coisas" que não possuem partes.
Porém, se não possui partes, implica na falta de
dimensão. Se não tem dimensão não existe. Por
isso, às vezes fico pensando, ao meu ver o postulado proposto por
Euclides não tem uma correta interpretação da
realidade, pois um ponto é relativo. Prefiro não me
referir a pontos, mas sim um lugar do espaço.
Porém, outra questão é relevante
neste assunto, o que seria a realidade?
Entende? A matemática ela é uma ferramenta
criada pelo homem que atende nossas exigências de realidade,
porém não pode ser totalmente aplicável a vida
cotidiana. De fato, acho que tais conceitos não vão se
perder, pois nós precisamos dele para alguma coisa, e se um grande
mestre o descobriu foi porque exergou mais longe que outros, como dizia
Newton: "Se vi mais longe foi porque estava sobre ombros de
gigantes".
Como disse JP, essa questõs sempre serão
relevantes.
Atenciosamente,
Marcos Eike
----- Original Message -----
Sent: Terça-feira, 7 de
Março de 2000 02:26
Subject: matemática no
enem
Caros amigos da lista, não sei se o assunto é adequado,
mas não vejo prejuízo nenhum para a lista. Gostaria de ter
a opinião de vocês.
Vou tentar ser breve: O exame nacional
propõe situações práticas, contextualizadas,
exigindo do aluno, raciocínio e não simplesmente
memorização de fórmulas. Não vejo problema
até aí. No entanto muitas questões exibidas nas
provas anteriores, embora bem boladas, não abrange toda a
matemática que se ensina em sala de aula. Continuando nesse
ritmo, então, existe a possibilidade de se excluir naturalmente
determinados conteúdos do vestibular e consequentemente dos
currículos dessa nova geração. Será que
daqui a alguns anos esse conhecimento elaborado, adquirido
através de grandes mestres, textos de livros e revistas
não vão se tornar inadequados as novas propostas de ensino
por não ser tão "prático"? Tal
conhecimento não ficará mais elitizado ou mesmo esquecido?
O conhecimento elaborado e o conhecimento cotidiano na minha
opinião devem caminhar juntos. Mas, a partir do momento que se
exclui uma porcentagem tão alta de conteúdos
matemáticos, parece até que apenas uma pequena parte do
que se ensina tem utilidade prática. Todo conhecimento tem sua
importância em nosso crescimento. Mas do jeito que as coisas
ocorrem, parece até que foi um desperdício aprender
tanto.
plutao@secrel.com.br
Grato!!!!!!!!!
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