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Re: Problema horroroso
Caro Bruno,
Saudacoes !
Antes de abordarmos propriamente a questao que voce propos considero
importante, para uma maior claridade na exposicao, fixar a notacao que
usaremos. Assim, representaremos por :
{ N/R } o numero binomial de numerador N e denominador P, vale dizer: { N/P
} = (N!)/(P! (N-P)!); Se N < R, { N/R } = 0
Si[1,R] F(i) o somatorio de F(i), "i" variando de 1 ate R.
A solucao que obteremos esta dividida em duas partes. Na primeira, que
representaremos por A(n), estarao computados todos os triangulos equilateros
com vertice para cima. O total de triangulos com vertices para baixo sera
representado por V(n). Nas duas funcoes "n" representa o comprimento do lado
do triangulo inicial.
Seja ABC um tringulo equilatero de lado "n" imaginado como se BC fosse a
base e A o vertice. Entre A e B, no sentido de A para B, inserimos N-1
pontos D1, D2, ..., Dn-1 de forma que o lado AB fique dividido em N partes
iguais, Por estes pontos tracamos N-1 paralelas a BC que interceptarao AC
respectivamente nos pontos E1, E2, ..., En-1, Chamaremos de "base i" ao
segmento DiEi. A base BC sera referenciado com "a base n".
O total de triangulos equilateros com lado unitario e vertice para cima, que
representaremos por T1, e facilmente computavel. Com efeito, sobre a base 1
( D1E1) cabe um triangulo; sobre a base 2 cabem dois triangulos; sobre a
base tres cabem tres triangulos ... sobre a base N cabem N triangulos. Isto
e :
T1 = 1 + 2 + 3 + ... + N = (N(N+1))/2 = { N+1/2 }
O total de triangiulos equilateros com lado igual a 2 e vertice para cima (
T2 ) segue a mesma logica: sobre a base 2 ( D2E2 )cabe um triangulo; sobre a
base 3 cabem dois triangulos; ...; sobre a base N cabem N-1 triangulos. Isto
e:
T2 = 1 + 2 + 3 + ... + (N-1) = ((N-1)N)/2 = { N/2 }
No caso dos triangulos com lado 3 :
T3 = 1 + 2 + 3 + ,,, + (N-2) = ((N-2)(N-1))/2 = { N-1/2 }
E assim sucessivamente ... O que queremos e calcular T1 + T2 + ,,, + Tn.
Ficara :
T1+T2+T3+...+Tn={ N+1/2 }+{ N/2 }+{ N-1/2 }+...+{ 2/2 }={ N+2/3 }
Portanto, o total de triangulos com vertices para cima, que convencionamos
chamar A(n) e que e a primeira parte de nossa formula, e:
A(n) = { N+2/3 }
Precisamos agora calcular V(n), o total de triangulos equilateros com
vertice para baixo.
Seja P=[ N/2 ] "o maior inteiro que não supera N/2". Observe que se N for
par, entao P=N/2. Se N for impar, P = (N-1)/2.
A expressao E = N/2 - P = N/2 - [N/2], assume o valor zero se N e par.
Se N for impar, E = 1/2 ( um meio )
Observe que num triangulo equilatero qualquer P e o lado do maior triangulo
com vertice para baixo que cabe neste triangulo
Quantos triangulo equilateros com lado P cabem no triangulo equilagtero com
lado N ? 1 (sobre a base P=DpEp), se N e par ; 1+2 se P for impar ( 1 sobre
a base P=DpEp e 2 sobre a base P+1=Dp+1Ep+1). E se o lado do triangulo for
"P-1" ? 1 + 2 + 3 se N for par; 1+2+3+4 se N for impar.
Esse "valor a mais" que o triangulo de lado impar tem chamarei de "Excesso"
e representarei por E(p). Assim, um triangulo de lado impar K pode ser
pensado como um de lado par "K-1" mais um Excesso E(k)
Assim, sendo P=[N/2], "o maior inteiro que não supera N/2", fica :
1 ( Lado P) => se N e par: 1 ; se N e impar: 1+2 ( aqui E(1) = 2 )
2 (Lado P-1) => se N e par: 1+2+3 ; se N e impar: 1+2+3+4 ( aqui E(2) = 4 )
3 (Lado P-2) => : se N e par: 1+2+3+4+5; se N e impar: 1+2+3+4+5+6 ( aqui
E(3) = 6)
................
P (Lado 1) => se N e par: 1+2+...+(2P-1); se N e impar: 1+2+...+(2P-1)+2P
( aqui E(p) = 2P )
Assim, se N e par não somamos o excesso. Se N e impar, somamos. Ora, a
expressao E = ( N/2 - [N/2] ) = ( N/2 - P ) tem essas caracteristicas, sendo
zero par N par e 1/2 para N impar. Logo, representando por S(n) =
1+2+3+...+N, tudo que obtivemos acima pode ser expresso por :
K ( lado P-k+1) => 1+2+3+...+(2K-1) + 4K(N/2 - P), independente de N ser
par ou impar !!!!!!!!!!
A expressao de V(n), que representa todos os triangulos equilateros com
vertice para baixo, sera:
V(n) = S(1) + S(3) + S(5) + ... + S(2P-1) + 4(1+2+...+P)(N/2 - P)
V(n) = S(1)+S(3)+S(5)+...+S(2p-1) + 4{ P+1/2 }( N/2 - P )
V(n) = { P/1 }*S(1) + { P/2 }*(S(3)-S(1)) + { P/3 }*(S(5) - 2S(3) + S(1)) +
4*{ P+1/2 }*(N/2 - P)
Mas S(1) = 1, S(3) = 6 e S(5) = 15. Logo
V(n) = { P/1 } + 5{ P/2 } + 4{ P/3 } + 4{ P+1/2 }( N/2 - P )
Nesta ultima expressao, conforme já dissemos, { N/R } representa o numero
binomial (N!)/(P!(N-P)!) com { N/R } = 0 se N < R. N e o comprimento do lado
do triangulo equilatero e P=[N/2] e o maior inteiro que não supera N/2.
A expressao final que voce procura e A(n) + V(n), que chamaremos de T(n).
Portanto :
T(N)={ N+2/3 }+{ P/1 }+ 5*{ P/2 }+ 4*{ P/3 }+ 4*{ P+1/2 }*( N/2 - P )
Independente de N ser par ou impar !
Caro Bruno, estou com dificuldades de receber e enviar e-mail´s e nem sei se
voce recebera minha resposta. Este seu e-mail abaixo chegou um tanto
truncado e faltando algumas partes. Aos poucos as coisas vao se normalizando
... Todavia, penso ter lido que voce esta há 2 anos tentanto resolver esta
questao e não conseguiu chegar a uma expressao satisfatoria. Li correto ?
Se for assim, não fique triste ou se sinta inferiorizado pelo fato de
outra(s) pessoa(s) resolver com brevidade algo que se lhe apresentou
impenetravel ... Resolver questoes dificeis com brevidade e muito mais uma
questao de habilidade e experiencia, não de inteligencia ... outras
faculdades mentais ( espirituais ? ) que são muito mais importantes e
proficuas para a ciencia e para a matematica em particular e que nao se
confundem com agilidade e destreza logico-matematica ...
So para consubstanciar mais o que estou afirmando sugiro que voce leia
qualquer livro sobre a historia da matematica. Neste livro voce percebera
que os progressos mais significativos que esta ciencia experimentou ao
longo dos seculos foram frutos, sobretudo, da capacidade de determinados
homens INTUIREM possibilidades e poderem DEFINIR ( CAPTAR ) novos conceitos
que preservavam as conquistas já feitas ao mesmo tempo que abriam novas
possibilidades. As extensões numericas N c Z c Q c R c C sao uma prova
eloquente disso ... Por outro lado, so a titulo de exemplificacao, Sir Isaac
Newton consumiu cerca de 19 anos para provar com rigor que uma distribuicao
esfero simetrica de massa se comporta, para efeitos gravitacionais, como se
toda a massa estivesse concentrada no centro geometrico da esfera: por ter
consumido tanto tempo para provar este fato alguem diria que Newton foi uma
pessoa mentalmente inferior ? Outros fatos similares voce pode ler sobre
Gauss ( Teorema da reciprocidade quadratica ) e Lagrange.
Finalmente, não sei se voce percebeu que um quadrado de lado N tambem
permite enunciar uma questao semelhante. Neste figura não há quadrado
menores invertidos, visto que a inversao de um quadrado gera um outro
identico ao primeiro, mas há uma gama enorme de "quadrados inclinados" e eu
já calculei que um raciocinio semelhante ao que desenvolvemos acima permite
solucionar esta questao. Voce gostaria de tentar resolve-la ?
Um forte abraco
Paulo Santa Rita
2,0900,041099
>From: "Bruno Leite" <superbr@hotmail.com>
>Reply-To: obm-l@mat.puc-rio.br
>To: obm-l@mat.puc-rio.br
>Subject: Problema horroroso
>Date: Sun, 26 Sep 1999 10:58:34 PDT
>
>Seja f(n) o número de triângulos equiláteros (0<i<=n)que estão contidos num
>triângulo equilátero de lado n (num triangulado, digamos)
>
>Ex: f(1)=1 pois num triângulo eq. de lado 1 há apenas um triângulo.
> f(2)=5 pois num tr.eq. de lado 2 há um triangulo de ponta cabeça, três
>tr. de lado 1 "certos" e um grandão.
> f(3)=13 pois temos 9 pequenos, 3 médios e um grande.
> f(4)=27 etc
> /\
> /\/\
> /\/\/\
>/\/\/\/\
>
>
>A figura ilustra o caso n=4 (é preciso fingir que há também as divisões
>horizontais, formando uma malha triangular.)
>
>É fácil ver que há:
>16 triângulos do tipo /\ ou \/ (lado 1)
>7 triângulos de lado 2 (6 /\ e 1 \ /)
> / \ \/
>3 triângulos lado 3 e
>1 de lado 4.
>
>
>Pede-se f(n) em função de n (fórmula explícita)
>Eu comecei a estudar esse problema há 2 anos mas sempre desisti por falta
>de resultados. Já achei várias relações mas não acho a fórmula geral.
>Gostaria MUITO que alguém falasse como se faz.
>
>Se alguém que se interessou não entender o enunciado muito bem, eu faço
>umas figuras explicativas para ajudar.
>
>Bruno Leite
>
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