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P3 de Álgebra Linear I - 2001.1

Data: 20 de junho de 2001.

1) Considere as matrizes

\begin{displaymath}A= \left( \begin{array}{cc}
4 & 1 \\
-1 & 2
\end{array}\...
...t( \begin{array}{cc}
5 & -3 \\
-1 & 3
\end{array}\right).
\end{displaymath}

a) Determine os autovalores e autovetores das matrizes A e B. (0.5+0.5).
b) Estude se estas matrizes são diagonalizáveis. (0.5).
c) Escreva as matrizes diagonalizáveis do item anterior na forma R D R-1 onde D é uma matriz diagonal. (0.5+0.5).

Resposta: Para calcular os autovalores calcularemos primeiro os polinômios característicos:


\begin{displaymath}\vert A-\lambda I\vert= \left\vert \begin{array}{cc}
4-\lamb...
...nd{array}\right\vert
=
\lambda^2- 6 \lambda +9 =(\lambda^2-3).
\end{displaymath}

Logo $\lambda=3$ é um autovalor duplo.


\begin{displaymath}\vert B-\lambda I\vert= \left\vert \begin{array}{cc}
5-\lamb...
...right\vert
=
\lambda^2- 8 \lambda +12 =(\lambda-2)(\lambda-6).
\end{displaymath}

Logo $\lambda=2$ e $\lambda=6$ são autovalores simples.


Para calcular os autovetores de 3, 2 e 6 devemos calcular, respectivamente,

\begin{displaymath}(A-3I)X=0,
\quad
(B-2I)X=0,
\quad
(B-6I)X=0.
\end{displaymath}

No primeiro caso obtemos o sistema:

\begin{displaymath}x+y=0, \quad -x-y=0.
\end{displaymath}

Ou seja, x=-y. Os autovetores são da forma (t,-t), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$.

No segundo caso obtemos o sistema:

\begin{displaymath}3x-3y=0, \quad -x+y=0.
\end{displaymath}

Ou seja, x=y. Os autovetores são da forma (t,t), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$.

No último caso obtemos o sistema:

\begin{displaymath}-x-3y=0, \quad -x-3y=0.
\end{displaymath}

Ou seja, x=-3y. Os autovetores são da forma (-3t,t), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$.


A matriz A não é diagonalizável, pois não é possível encontrar uma base de autovetores (no máximo é possível encontrar um autovetor l.i.).

A matriz B é diagonalizável, pois existe uma base de autovetores: $\{(1,1), (-3,1)\}$.


Usando a base de autovetores $\{(1,1), (-3,1)\}$ de B temos,


\begin{displaymath}\left( \begin{array}{cc}
4 & 1 \\
-1 & 2
\end{array}\rig...
...in{array}{cc}
-1/4 & 1/4 \\
1/4 & 3/4
\end{array}\right).
\end{displaymath}

2) Considere a matriz

\begin{displaymath}F = \left(
\begin{array}{lll}
1 & 0 & 1 \\
0 & 5 & 0 \\
1 & 0 & 1
\end{array}\right) \end{displaymath}



2.a) Encontre todos os autovalores de F e todos os autovetores de F. (0.5+0.5).

2.b) Encontre uma matriz R inversível, sua inversa R-1 e uma matriz D diagonal tais que F = RDR-1. ( 0.5+0.5+0.5).

Resposta: O polinômio característico de F é

\begin{displaymath}\left\vert
\begin{array}{ccc}
1-\lambda & 0 & 1 \\
0 & 5-\...
...(1-\lambda^2) - (5-\lambda)=
\lambda (5-\lambda) (2-\lambda).
\end{displaymath}

Logo os autovalores são 5, 2 e 0 todos simples. (Observe que a soma dos autovalore é 7, igual ao traço da matriz, como deve ser).

Os autovetores correspondentes são obtidos resolvendo os sistemas:

\begin{displaymath}(F-5 I)(X)=0, \quad
(F-2 I)(X)=0,\quad
F(X)=0.
\end{displaymath}

Obtemos os sistemas

\begin{displaymath}-4x +z=0,\quad
x-4z=0,
\end{displaymath}

com solução (0,t,0). Logo os autovetores são da forma (0,t,0), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$.

O segundo sistema é,

\begin{displaymath}-x +z=0,\quad 3y=0, \quad
x-z=0,
\end{displaymath}

com solução (t,0,t). Logo os autovetores são da forma (t,0,t), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$.

O último sistema é,

\begin{displaymath}x +z=0,\quad 5y=0, \quad
x+z=0,
\end{displaymath}

com solução (t,0,-t). Logo os autovetores são da forma (t,0,-t), $t\in \mathbb{R} $ e $t\ne 0$. (Observe que os autovetores são ortogonais, como é de esperar numa matriz simétrica).

Temos, normalizando a base, o seguinte

\begin{displaymath}\left(
\begin{array}{ccc}
1 & 0 & 1 \\
0 & 5 & 0 \\
1 & ...
... & 1 & 0 \\
1/\sqrt{2} & 0 & 1/\sqrt{2}
\end{array}\right),
\end{displaymath}

onde a inversa de R é sua trasposta, pois é uma matriz ortogonal.

3) Considere a projeção ortogonal P no plano 2x+2y+z=0.

Escreva a matriz de P da forma B D B-1, onde D é uma matriz diagonal. Ache B, D e B-1 explicitamente. (B=1.0, D=1 e B-1=0.5).

Resposta: O vetor normal ao plano de projeção (2,2,1), que é um autovetor de autovalor 0. Consideraremos agora dois vetores do plano ortogonais. Obteremos assim dois autovetores l.i. de autovalor 1. Tomando (1,-1,0) e $(1,-1,0)\times (2,2,1)=
(-1,-1,4)$obtemos estes vetores. Temos que

\begin{displaymath}\beta=
\{(2/3, 2/3,1/3), (1/\sqrt{2}, -1/\sqrt{2},0),
(1/\sqrt{18},1/\sqrt{18},-4/\sqrt{18}\}
\end{displaymath}

é uma base de autovetores.

A expressão de P na base $\beta$ é

\begin{displaymath}\left(
\begin{array}{ccc}
0 & 0 & 0 \\
0 & 1 & 0 \\
0 & 0 & 1
\end{array}\right).
\end{displaymath}

Portanto

\begin{displaymath}P=
\left(
\begin{array}{ccc}
2/3 & 1/\sqrt{2} & 1/\sqrt{18} ...
...
1/\sqrt{18} & 1/\sqrt{18} & -4/\sqrt{18}
\end{array}\right),
\end{displaymath}

onde B-1=Bt pois B é ortogonal.

4) Para cada uma das matrizes abaixo, verifique se é uma rotação ou uma projeção ortogonal, ou nem uma coisa nem outra. Para a rotação identifique o eixo, e para a projeção o plano ou a reta onde é feita a projeção.


\begin{displaymath}A = \left(
\begin{array}{ccc}
1 & 6 & 1 \\
6 & 5 & 7 \\
...
... \\
1/3 & 1/3 & 1/3 \\
1/3 & 1/3 & 1/3
\end{array}\right),
\end{displaymath}


\begin{displaymath}C = \left(
\begin{array}{ccc}
1 & 1 & 1 \\
0 & 1 & 1 \\
...
...& \frac{\sqrt{2}}{2} & \frac{\sqrt{2}}{2}
\end{array}\right).
\end{displaymath}

(Cada identificação 0.5, o plano ou reta de projeção 0.5, e o eixo de rotação 0.5).

Resposta: Observamos que uma projeção ortogonal é uma matriz simétrica e uma rotação é ortogonal.


Como a matriz A não é ortogonal não pode ser uma rotação. Como uma projeção tem traço 1 e a matriz A tem traço 7não é projeção. O de outra forma. Uma projeção tem determinante 0, como a matriz A tem determinante -1, não é projeção. Ou de outra forma. Uma projeção P verifica P2=P, e $A^2\ne A$.


Como a matriz C não é ortogonal não pode ser uma rotação. Como a matriz C não é simétrica não pode ser uma projeção.


A matriz B é simétrica e não é ortogonal. Logo a única possibilidade é que seja uma projeção. A matriz B tem todas as linhas iguais. Logo seu determinante é zero. Portanto, 0 é um autovalor. Os autovetores de 0 estão no plano x+y+z=0 (resolva o sistema correspondente). Logo 0 é um autovetor duplo (no mínimo é duplo, e como não pode ter multiplicidade 3, pois então a matriz seria nula ou teria traço zero, como preferir). O outro autovetor verifica $0+\lambda =1/3+1/3+1/3=1$ (o traço da matriz). Logo B tem autovalor 0 duplo e 1 simples. Logo, como é simétrica, é uma projeção na reta de vetor diretor o autovalor correspondente. Este autovetor é (1,1,1) (resolva o sistema ou veja que o vetor (1,1,1) pertence a reta de projeção).


A matriz D é ortogonal e não é simétrica. Logo a única possibilidade é que seja uma projeção. Como é ortogonal e estamos em dimensão três tem um autovalor $\pm 1$.

Se D fosse uma rotação 1seria um autovalor. Se um fosse autovalor o sistema a seguir teria solução não trivial (resolvendo este sistema também obteremos o eixo de rotação):

\begin{displaymath}-x +\sqrt{2}/2 y -\sqrt{2}/2 z=0,
\quad
-x-y=0,
\quad
\sqrt{2}/2 y +(\sqrt{2}/2-1)z=0.
\end{displaymath}

Temos x=-y. Substituindo

\begin{displaymath}(\sqrt{2}/2+1)y +\sqrt{2}/2 z=0,
\quad
\sqrt{2}/2 +y(\sqrt{2}/2-1)z=0.
\end{displaymath}

Temos $y+(1-\sqrt{2})z=$. Logo um autovetor é $(1-\sqrt{2}, \sqrt{2}-1,1)$.

Observe que, como a matriz é ortogonal, o plano de vetor normal $(1-\sqrt{2}, \sqrt{2}-1,1)$ é transformado nele próprio. Temos as seguintes possibilidades: ou a restrição de D a este plano é uma rotação ou não. No último caso haveria algum autovetor. Como D é ortogonal e estamos em um plano o vetor perpendicular também seria um autovetor. Logo D teria uma base ortogonal de autovetores, e em tal caso, seria simétrica. Como isto não ocorre, temos que D é uma rotação.

Dos raciocínios anteriores obtemos que se trata de uma rotação de eixo a reta $((1-\sqrt{2})t,
(\sqrt{2}-1)t,t)$, $t\in \mathbb{R} $.



 
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Lorenzo J. Diaz
2001-06-21