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[obm-l] Re: [obm-l] Re: [obm-l] demonstra��es no dia-a-dia
Ola Claudio e demais
colegas desta lista ... OBM-L,
Salvo melhor juizo, estas duvidas se situam na regiao limitrofe entre
Ciencia e a Filosofia, sendo natural portanto nao haver um acordo
irretorquivel sobre elas ... Se num "espaco" qualquer de seus objetos puder
ser univocamente caracterizado por N outros, dizemos que trata-se de um
espaco N-dimensional.
E notorio que uma tal DEFINICAO pode ser vista como uma depuracao daquilo
que o senso comum percebe e entende como "dimensao". Evidentemente que uma
tal definicao so e interessante porque podemos OPERAR com ela, retirando
implicacoes intrinsecamente consistentes e que podem ser aplicadas no mundo,
"la fora".
A Teoria das Strings ( que eu nao gosto ! ) permite interpretacoes na qual o
mundo pode ter mais de 4 dimensoes, mas sao muito mais postulacoes e nao um
conhecimento consolidade por inumeras experiencias, como no caso da teoria
da relatividade. Independente de tudo isso, ninguem vai encontrar dimensoes
procurando "la fora" ... E a necessidade de coerencia e simplicidade
internas que vao nos levar a "ver" estas novas dimensoes, se e que elas
existem. Einstein foi muito feliz quando falou sobre isso : "Nao existe
nenhum caminho logico que leva a compreensao das leis elementares. O unico
caminho e o da intuicao." Vale dizer, nao adianta voce fazer experiencias ou
tentar fazer deducoes logicas, voce precisa "sentir" ( nao pensar, nao
raciocinar ) como as coisas devem ser e so assim voce vai entender o sentido
profundo de cada coisa.
A esse respeito ( de sentir pra depois exprimir ) Gauss falou o seguinte :
"Durante este outono, ocupei-me largamente com as consideracoes gerais das
superficies curvas, o que conduz a um campo ilimitado ... Estas pesquisas
ligam-se fortemente a outras e sinto vibrar em mim, com grande vivacidade, O
VERDADEIRO SENTIDO da raiz quadrada de MENOS UM, mas creio que sera
extraordinariamente dificil expressar este sentido em palavras."
NOTA : traducao minha.
Existem Matematicos que pensam, raciocinam, depois escrevem. Gauss - e uns
poucos outros - primeiro SENTEM, depois raciocinam, por fim escrevem.
Em sintese, a dimensao e um conceito util. Mas nao esta nas coisas, mas na
forma como vemos as coisas.
2)interpretando (a,b) como um ponto, ha uma imersao isomorfa de "a" em
(a,0), o que nos permite dizer que em termos estruturais (a,0) e "a"
sao indistinguiveis ( que e o que queremos dizer quando falamos em um
isomorfismo ). Dai decorre ( com o produto bem conhecido ) que (0,1)
multiplicado por (0,1) da (-1,0), isto e, x=(0,1) e x^2 = -1. Por isso
dizemos que (0,1)=i, pois o comportamenteo de (0,1) satisfaz todas as
experiencias historicas que os matematicos ja haviam feito com o "i".
Note que aqui NAO HA DEMONSTRACAO ... Simplesmente criamos um cnjunto
numerico e MOSTRAMOS que ele tem UM NUMERO cujo quadrado e -1. Evidentemente
que a formalizacao dos numeros complexos tinha este objetivo de maior
harmonia. E isso acontece muito ... Boa parte do trabalho Matematico e
motivado para dar maior coerencia interna as partes desta ciencia. Entao,
constroi-se objetos ou estruturas, amplia-se conceitos etc, de forma que
fatos MAL AJUSTADOS e nao tao bem entendidos possam se harmonizar e fornecer
uma compreensao mais universal e coerente das coisas ... A formalizacao dos
complexos e um exemplo. Outros exemplos classicos podem ser a admissao das
geometrias nao-euclidians em pe de igualdade com a euclidiana e a aceitacao
dos quaternios.
3) Sim. Cotidiano : Aplique um capital a juros e capitalize a taxa
instantaneamente. Voce vai chegar ao numero "e". Foi assim que Bernoulli
apresentou este numero ... Nao existe uma definicao preferencial de um
numero ... pi pode ser definido como a razao entre a circunferencia e seu
diamentro ou como o limite da serie que voce cita ou como um dos produtos de
Wallis, etc, etc. nenhuma destas definicoes e melhor que outra : pode apenas
ser mais conveniente em uma determinada aplicacao que fazemos. E digno de
nota que Euclides provou ( e Arquimedes tambem ) que todos os circulos sao
figuras semelhantes, vale dizer, a razao entre a circunferencia e seu
diamentro e constante e independente da grandeza da figura.
A existencia de QUALQUER NUMERO REAL e pressuposta quando apresentamos estes
numeros como um corpo ordenado completo. Todavia, tais numeros podem ser
construidos a partir da teoria dos conjuntos. SE voce acha que construir
algo e uma prova da existencia dele entao, neste ultimo caso, a existencia e
provado com a construcao. Leia o Livro : Teoria ingenua dos conjuntos, do
Paul Halmos. La vce vai ver como se "constroi" os numeros.
Demonstracao e um ASPECTO DA MATEMATICA. Nao e A MATEMATICA. A Matematica e
a ciencia dos fenomenos que percebemos tao somente com o nosso intelecto. E
em toda ciencia, nos primeiro percebemos as coisas, depois fazemos
experiencias para confirmar nossas percepcoes e so depois, lentamente,
avancamos para o campo das hipoteses relativas a explicacao dos fenomenos,
isto e, avancamos ate as demonstracoes.
Primeiro voce sente, depois voce pensa ... A emocao precede a razao e o
raciocinio. Qualquer pessoa que for sincer consigo mesmo e com os outros vai
admitir que nunca descobre as coisas tal como apresenta em sua
demonstracoes. Existe "algo" que precede a demonstracao e que nao e o pensar
e nao o raciocinar. E o sentir, a intuicao, a inspiracao, a a forma especial
do intelecto �perceber os fenomenos matematicos !
Um Abraco
Paulo Santa Rita
3,1734,250203
>From: "Cl�udio \(Pr�tica\)" <claudio@praticacorretora.com.br>
>Reply-To: obm-l@mat.puc-rio.br
>To: <obm-l@mat.puc-rio.br>
>Subject: [obm-l] Re: [obm-l] demonstra��es no dia-a-dia
>Date: Tue, 25 Feb 2003 11:30:15 -0300
>
>
>Tenho tr�s d�vidas, vejam:
>
>1�) Um segmento de reta � um exemplo de um corpo UNI-dimensional. Um
>ret�ngulo � um exemplo de um corpo BI- dimensional.tetraedro � um exemplo
>de um corpo TRI-dimensional. E corpos TETRA, PENTA Um , HEXA-dimensionais,
>ou generalizando N-dimensionais como podem ser vistos na natureza ou em
>termos abstratos se for o caso?
>
>Para 4 ou mais dimens�es, o mais simples � usar n-uplas ordenadas de
>n�meros reais para representar pontos no espa�o n-dimensional.
>Assim, um hiper-cubo de 4 dimens�es e aresta = 2 teria por v�rtices os 16
>pontos da forma (+/-1,+/-1,+/-1,+/-1).
>
>Na natureza eu n�o conhe�o nenhum exemplo al�m do espa�o-tempo de 4
>dimens�es (uma delas � o tempo) no qual n�s vivemos - vide qualquer livro
>sobre teoria da relatividade. No entanto, existem teorias que dizem que o
>universo tem na verdade 10 ou 26 dimens�es, mas as 6 ou 22 restantes est�o
>t�o "curled up" (enroladinhas) que n�s n�o conseguimos perceb�-las.
>
>
>2�) Eu tinha visto na net h� algumas semanas atr�s um site (em ingl�s, mas
>n�o me lembro o endere�o) que dava uma demonstra��o geom�trica (anal�tica)
>do n�mero imagin�rio "i". A �nica coisa que me lembro, foi que a
>demonstra��o foi feita a partir dos eixos cartesianos e havia uma rela��o
>com o ponto P (-1,0). H� pouco tempo atr�s aqui na lista houve algumas
>mensagens explicando muito bem a parte hist�rica do n�mero "i" e dos
>n�meros complexos, mas voc�s n�o falaram nada de demonstra��es. A �nica
>coisa mais pr�xima disso foi quando disseram que o n�mero "i" surgiu quando
>os matem�ticos procuraram resolver a equa��o raiz (-1) = ?. Mas ainda essa
>passagem eu classifico dentro do contexto hist�rico do n� imagin�rio e
>complexo e n�o uma explica��o matem�tica e "real"(real no sentido n�o
>matem�tico).
>
>
>Tem um bom artigo sobre isso no livro Meu Professor de Matem�tica do Elon
>Lages Lima, publicado pela SBM, que fala da rela��o entre nos. complexos,
>logaritmos, exponenciais e fun��es trigonom�tricas.
>
>A meu ver, as propriedades mais importantes dos complexos s�o os seguintes:
>1) Al�m de se somarem como vetores, os complexos t�m uma multiplica��o com
>uma interpreta��o geom�trica muito clara, que envolve dilata��o/contra��o e
>rota��o.
>2) Inicialmente introduziu-se os complexos a fim de que todo polin�mio de
>2o. grau com coeficientes reais tenha duas ra�zes. No entanto, descobriu-se
>que eles eram suficientes para que qualquer polin�mio de grau n >= 1 e com
>coeficientes complexos tivesse n ra�zes. Esse resultado � o Teorema
>Fundamental da �lgebra.
>3) A extens�o dos m�todos do c�lculo para o dom�nio dos complexos revelou
>propriedades surpreendentes que n�o existem no dom�nio real. Isso tem a ver
>com o fato de que a exist�ncia da derivada de uma fun��o complexa � uma
>condi��o muito mais forte do que a exist�ncia da derivada de uma fun��o
>real.
>
>
>3�) Uma outra d�vida sobre demosntra��es:
>Se algum leigo em matem�tica pedisse a mim ou a qualquer um de vcs para
>provar a exist�ncia do n�mero Pi eu e muitos de vcs diriamos a ele para
>medir o comprimento de qualquer circunfer�ncia com uma fita m�trica e
>ent�o dividir o valor por 2*raio. (obs: Se ele n�o soubesse o que era raio
>era s� explicar). Agora pergunto:
>� poss�vel fazer uma demonstra��o semelhante (em termos de rela��o com o
>cotidiano) com o logaritmo neperiano (natural) ?
>
>Medir uma circunfer�ncia com uma fita m�trica n�o prova a exist�ncia de Pi.
>No m�ximo d� uma aproxima��o para o seu valor real.
>Pi pode ser definido como a raz�o entre o comprimento de uma circunfer�ncia
>e o seu di�metro. No entanto, primeiro temos que provar que, para toda e
>qualquer circunfer�ncia, a raz�o entre o comprimento e o di�metro �
>constante.
>
>A exist�ncia de Pi, e, ou de qualquer n�mero real � uma consequ�ncia do do
>fato de o conjunto dos reais constituir um (de fato, o �nico) corpo
>ordenado completo.
>Assim, por exemplo, "e" pode ser definido como o n�mero real tal que:
> e
>INTEGRAL dx/x = 1.
> 1
>Pode-se provar (com base no "completamento" dos reais) que essa integral
>converge para um n�mero real, que se convencionou chamar de "e" (acho que
>foi Euler que deu este nome).
>Al�m disso, pode-se provar que "e" tamb�m � o limite das sequ�ncias:
>An = (1 + 1/n)^n
>ou
>Bn = 1 + 1/1! + 1/2! + ... + 1/n!.
>
>Um abra�o,
>Claudio.
>
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